Como o IBGE ressaltou na semana passada, o segmento produtor de alimentos de origem animal mais afetado pela greve dos caminhoneiros foi a indústria do frango, porquanto em maio, quando ocorreu o movimento, os abates recuaram mais de 20% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Em consequência – e como já havia sido antecipado pelo órgão de estatísticas em agosto último – o número de cabeças abatidas no semestre em estabelecimentos sob inspeção recuou 2,5%. Mesmo assim, o volume de carne de frango resultante aumentou mais de 1% – isto, tanto em relação ao 1º semestre, quanto ao 2º semestre de 2017 – apresentando incremento mais significativo que o apontado nas informações preliminares divulgadas no mês passado.
À primeira vista, considerada a expansão média ocorrida em cinco dos seis meses do período, o número de cabeças abatidas no semestre inicial de 2018 aumentaria cerca de 1,5%. Mas, com a greve de maio, os abates do mês recuaram 17% em relação à média abatida nos quatro meses anteriores, fazendo com que o total semestral – da ordem de 2,855 bilhões de cabeças – ficasse 2,57% aquém do registrado em idêntico período de 2017.
Isso, porém, não se refletiu na produção de carne de frango do semestre – ainda que o volume registrado em maio (menos de 1 milhão de toneladas) tenha recuado mais de 18% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Pois, ao chegar aos 6,887 milhões de toneladas, a produção inspecionada dos seis primeiros meses de 2018 ficou 1,32% e 1,11% acima das registradas no 1º e no 2º semestre de 2017 (respectivamente, 6,797 e 6,811 milhões de toneladas).
Como sempre, a diferença entre cabeças abatidas e carne produzida vem sendo determinada pela maior produtividade dos frangos em criação. E que, como mostra a tabela abaixo, aumentou mais de 4% no primeiro semestre deste ano, fazendo com que o peso médio do frango abatido nos abatedouros sob inspeção subisse de 2,319 kg (1º semestre de 2017) para 2,413 kg (mesmo período de 2018).
Neste caso, porém, é importante ressalvar que parte desse acréscimo foi ocasionada pelos abates do mês de junho, ocasião em que o peso médio ultrapassou a marca dos 2,5 kg – um outro efeito, retardado, da greve dos caminhoneiros.
Em outras palavras, os frangos não abatidos em maio em decorrência da paralisação dos frigoríficos permaneceram por mais tempo nas granjas, dessa forma ganhando peso muito acima do normal (incremento de mais de 6% em relação ao mesmo mês do ano passado).
Não fosse isso, o volume de carne de frango produzido no semestre teria sido menor. Mesmo assim, continuaria superior aos registrados um ano ou seis meses antes.