A indústria de nutrição vegetal – formada pela empresas que produzem fertilizantes foliares, organominerais e orgânicos – cresceu 7,7% em 2019, em relação ao ano anterior, movimentando mais de R$ 7 bilhões. Nos últimos cinco anos (2015 – 2019), o mercado de fertilizantes foliares no Brasil cresceu 55%, o de organominerais foi 47% maior e o de orgânicos teve alta de 51%.
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A cultura da soja representou quase metade (49,6%) das vendas de fertilizantes foliares em 2019, seguida do milho (9,2%), cana-de-açúcar (8,4%) e café (8,2%). Já os orgânicos para solo tiveram o café (29,4%) como principal cultura demandante. E as vendas de organominerais para o solo foram, principalmente, para soja (30,2%), café (21,6%) e milho (14,7%).
Os dados estão no Anuário Brasileiro de Tecnologia em Nutrição Vegetal 2020, lançado nesta sexta-feira (31/7) pela Associação brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal Solos (Abisolo). A 6a edição do documento traz uma um perfil geral das empresas do setor e disponibiliza informações que indicam as transformações e tendências, além de artigos técnicos e pontos de vista sobre a conjuntura econômica do setor.
Concluído com atraso devido à pandemia do coronavírus, o anuário traz dados até meados deste ano e artigos técnicos sobre temas de interesse do setor. O lançamento, feito pela internet, também marcou a renovação da diretoria da Abisolo, tendo Roberto Levrero como presidente do Conselho Deliberativo e Gustavo Branco como vice-presidente.
“São dados importantes para a gente entender como o mercado nesse segmento está sendo trabalhado e a importância dessa publicação no sentido de consolidar as informações de maneira expressiva, trazer uma informação confiável. E por isso, também estamos buscando melhorar a qualidade dessa pesquisa e a cada ano estamos evoluindo, trazendo condições melhores de entendimento do mercado, que é bastante complexo, tem uma pujança muito grande, um grau de inovação muito alto e nesse sentido a gente também precisa inovar e se adaptar”, disse Levrero.
Em função do atraso na coleta dos dados, a Abisolo informou ainda não ter uma expectativa quantificada para o mercado neste ano, mas a visão, de modo geral, é otimista. “A expectativa de crescimento do setor está vinculada a uma das perguntas da própria pesquisa. O problema é que ela começou basicamente no início de fevereiro, mas, por causa da pandemia, estendemos até junho. Isso, de certa forma, caracterizou uma falta de coerência nas respostas e de precisão do que queremos passar”, explicou Branco. “Mas fizemos um levantamento sobre intenção, o quanto que o setor interpreta de positivo, negativo ou manutenção para a movimentação do mercado. Nesse sentido, podemos dizer com tranquilidade, que a totalidade está super otimista em continuar aumentando o mercado de tecnologia em nutrição vegetal no Brasil”.
Empresas jovens
A amostragem usada como referência para o levantamento corresponde a mais de 50% das empresas do setor. Das 441 empresas de fertilizantes especiais registradas, 335 são produtoras ativas e 106 importadoras. São Paulo, Paraná e Minas Gerais são sede de 63% de todas as unidades produtivas das 527 que hoje estão cadastradas. Do total, 56% têm menos de 15 anos de atividade, de acordo com os dados da Abisolo. Outras 20% têm mais de 25 anos de mercado.
“Continuamos tendo uma característica dessas empresas de juventude, o que demonstra que estamos evoluindo e é um setor que tem crescido no sentido de novas empresas estarem buscando se estabelecer de maneira efetiva, mas obviamente tempos também as empresas que já são tradicionais no mercado. O setor, de fato, está no período de consolidação”, comentou Gustavo Branco, vice-presidente da entidade.
Uma das novidades do anuário foi a segmentação dos estabelecimentos por modo de aplicação. Hoje, no Brasil, há 313 empresas que têm registros de produtos por via foliar, 283 para produtos via solo, 170 fertirrigação, 44 via semente e 13 via hidroponia. Uma mesma empresa pode ter mais de um registro de produtos de acordo com a via de aplicação.
Em relação ao tipo de fertilizante, 346 empresas têm produtos registrados como mineral, 175 empresas têm organominerais, 154 orgânicos e duas têm biofertilizantes. Branco destacou o recente marco regulatório dos biofertilizantes, que deve estimular o crescimento do segmento no país. “Biofertilizante está evoluindo. Existe ainda todo um trabalho das empresas na busca desse segmento, mas acreditamos que, em breve, este número vai aumentar”, salientou.
Matéria-prima
Ainda de acordo com o levantamento da Abisolo, 72% dos respondentes relataram um aumento médio de 5,7% nos custos. Isso pode ser relacionado diretamente com a matéria-prima, que representa entre 51% a 71% da composição do custo dos fertilizantes.
Os números demonstram que, mesmo os nacionais dependem de matéria-prima importada. A pesquisa aponta que 81,3% dos produtos são nacionais de produção própria, 14,8% são nacionais produzidos por terceiros e 3,9% são importados. No entanto, dentre os minerais, 65% da matéria-prima veio de outros países.
“Não conseguimos dizer ainda se desses 35% de matéria-prima nacional foi um produto importado e revendido internamente. Isso é algo que vamos tentar evoluir ainda”, ressaltou Branco.
O anuário mostra ainda que os investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) no setor vêm sofrendo redução. Em 2015, foram investidos R$ 322 milhões. No ano passado, o valor foi de R$ 211 milhões. Nesses últimos cinco anos, 4,4% do faturamento do setor foi direcionado para a P&D.
“Nos últimos anos tivemos uma serie de fatores que influenciaram na decisão de investimento no Brasil. Mas apesar dessa pequena tendência de queda, que pode se considerar como uma estabilidade, o setor continuou investindo uma quantidade significativa de valores na pesquisa. Isso caracteriza, de forma bastante clara, a intenção do setor em continuar inovando e desenvolvendo tecnologias adequadas às necessidades do mercado, independente das circunstâncias”, explicou o executivo.
Fonte: Globo Rural
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