Os peixes que por ventura aparecerem mortos logo após as primeiras chuvas não devem ser consumidos pela população. A partir das primeiras chuvas, o solo é lavado e as cinzas resultantes dos incêndios florestais caem nos rios, córregos e lagos comprometendo a qualidade da água. O contato das cinzas com a água pode acarretar na morte de peixes.
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O coordenador do Laboratório de Qualidade de Água e Ar da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Sérgio Figueiredo, explica que aporte de cinzas na água dos rios pode ocasionar mudanças na sua composição físico química. Em conjunto com os restos de matéria orgânica carreados para os leitos dos cursos d´água, as cinzas podem consumir o oxigênio da água e liberar dióxido de carbono livre, o que que prejudica a respiração de muitas espécies de peixes.
O excesso de cinzas também pode alterar o pH, fazendo com que a amônia resultante da decomposição da matéria orgânica fique na sua forma mais tóxica. A concentração de sais, como o sódio, também pode ser alterada, influenciando o equilíbrio osmótico da água. Todas estas alterações podem ser danosas e até letais para os peixes.
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“A água, portanto, está com sua composição físico-química alterada e pode permitir o desenvolvimento de bactérias patogênicas e tóxicas. Não deve ser consumida sem o devido tratamento e o consumo de peixes mortos não é indicado” alerta o analista de meio ambiente.
No caso do Pantanal, a Analista de Meio Ambiente, Neusa Arenhart, esclarece que o Bioma nunca sofreu um incêndio nessas proporções. “As cinzas não fazem parte do ambiente natural e em contato com a água se tornam tóxicas aos organismos aquáticos, atuando como uma bomba dentro do sistema”, explica.
Para a analista, os efeitos das cinzas somados à decoada, que é o processo natural onde ocorre a diminuição do oxigênio na água devido a decomposição de material orgânico e a eutrofização de lagos e baías, poderão levar a uma potencialização no volume de organismos mortos, já que se tratam de duas situações extremas.
“As previsões ou os resultados previstos para ambas as situações (de origem natural e antrópica) estarão sobrepostas ou mescladas, pois não é possível identificar ou quantificar os organismos vítimas pela decoada ou pela lixiviação das cinzas”, complementa Neusa.
Já na zona urbana o desmatamento e degradação de áreas de preservação permanentes (APP´s) aumentam o aporte de cinzas e restos de matéria orgânica na água, já que a mata ciliar, vegetação ao longo das margens, serve de barreira natural e diminui o efeito do carreamento de sedimentos do solo causado pelas chuvas.
Por Juliana Carvalho/Sema-MT
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