Volume embarcado totalizou 41,1 milhões de sacas entre julho de 2018 e junho de 2019, um aumento de 35% em relação ao ciclo anterior
As exportações brasileiras de café bateram recorde na safra 2018/2019 e atingiram 41,1 milhões de sacas de 60 quilos entre julho do ano passado e junho deste ano. O número é 35% maior que o da safra 2017/2018. Os dados, apresentados nesta segunda-feira (8/7) pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), em São Paulo (SP), referem-se a café verde, solúvel e torrado e moído.
A receita cambial foi de US$ 5,39 bilhões, 9,8% a mais que na temporada 2017/2018, resultado determinado pelo aumento significativo no volume exportado durante o ano-safra. O preço médio no ciclo encerrado em junho foi de US$ 131,14 por saca de 60 quilos, de acordo com o Conselho, 18,7% menor que no anterior.
“Tivemos uma safra maior e o Brasil cada dia está trabalhando melhor no comércio exportador”, avaliou o presidente do CeCafé, Nelson Carvalhaes, em entrevista coletiva, na sede da entidade, em São Paulo (SP).
De acordo com o CeCafé, a marca histórica anterior tinha sido registrada na safra 2014/2015, quando as exportações de do Brasil totalizaram 36,6 milhões de sacas. No ciclo encerrado em junho passado, além do número geral, foram registrados também recordes nos embarques de arábica e solúvel.
Considerando só o café verde, foram 33,58 milhões de sacas de café arábica embarcadas entre julho de 2018 e junho de 2019. O número representa um aumento de 27,9% em relação à safra 2017/2018 e uma participação de 81,7% no total das exportações brasileiras no período. As vendas de robusta foram de 3,61 milhões de sacas, 429,1% mais e 8,8% do total exportado pelo Brasil.
No café industrializado, as vendas externas de café torrado e moído somaram 19,35 mil sacas de 60 quilos, queda de 1,7%, comparando as safras 2017/2018 e 2018/2019. Já os embarques solúvel cresceram 11,3% e chegaram a 3,88 milhões de sacas. Juntando as duas categorias, as exportações de café processado do Brasil cresceram 11,2% e atingiram 3,90 milhões de sacas.
“Tivemos crescimento em todos os mercados. E aumentamos nosso market share em relação a outros exportadores”, analisou Marcos Matos, diretor geral do CeCafé.
Entre os principais destinos, os Estados Unidos importaram 30,67% a mais na safra 2018/2019, chegando a 7,509 milhões de sacas. A Alemanha, segunda na lista, importou um volume 26,49% maior: 6,63 milhões. Em seguida, aparecem Itália, com 3,66 milhões de sacas (+30,02%), e Japão, com 3,04 milhões (+48,55%).
Já a China, 29º destino do café nacional, passou de 122 mil para 196 mil sacas na safra 2018/2019. “Apesar de ser pequeno, vem crescendo. A exemplo de outros produtos, o café terá participação expressiva no mercado chinês”, afirmou Nelson Carvalhaes. Para ele, o fato de já vender para mercados como Japão e Coreia do Sul pode servir de referência para os chineses darem preferência ao café brasileiro.
De acordo com o CeCafé, 126 países importaram café do Brasil na safra 2018/2019. A participação brasileira nas exportações globais foi de 32%. Considerando o mercado mundial, em que o Brasil aparece como fornecedor e consumidor da bebida, a participação foi de 38%. A expectativa da entidade é chegar a 40% em um horizonte de dois a três anos.
Para a safra 2019/2020, o Conselho acredita que ainda é cedo para fazer projeções de exportação, já que as expectativas para a safra ainda são incertas. Nelson Carvalhaes disse apenas que a entidade já trabalha com um cenário de produção menor, por conta da bienalidade negativa dos cafezais. Desta forma, o Brasil terá que utilizar seus estoques se quiser atender à demanda interna e de exportação.
“Os estoques são baixos, historicamente falando. Vamos ver se consegue suprir a demanda. Mas ainda é cedo para saber se vamos repetir os números desse ano. Tem muita coisa para acontecer”, pontuou Carvalhaes, mantendo uma postura cautelosa também em relação a eventuais problemas causados pelas geadas ocorridas em regiões de produção de café no último fim de semana.
Primeiro semestre
No primeiro semestre deste ano, o CeCafé contabilizou exportações de 20,09 milhões de sacas de 60 quilos entre o grão e o produto industrializado. O volume é 37,4% maior que o do mesmo período no ano passado. A receita cambial totalizou US$ 2,52 bilhões, 10,5% a mais na mesma comparação.
Só de café verde, foram 16,59 milhões de sacas da variedade arábica embarcadas entre janeiro e junho de 2019, aumento de 33,6% em relação ao mesmo período em 2018. A venda de robusta foi de 1,6 milhão de sacas, 223,4% mais. Na soma das duas variedades, foram 18,22 milhões de sacas, uma alta de 41%.
No industrializado, as vendas externas de café torrado e moído subiram 1,7% no primeiro semestre, somando 8,02 mil sacas de 60 quilos. Já os embarques de café solúvel cresceram 9,6% e chegaram a 1,861 milhão de sacas. Juntando as duas categorias, houve alta de 9,5% em relação ao intervalo de janeiro a junho de 2018, com um volume total de 1,869 milhão de sacas.
“Houve recorde tanto para o arábica quanto para o solúvel, além do resultado geral do semestre”, analisou Marcos Matos, diretor geral do CeCafé. “O segundo semestre é sempre melhor que o primeiro”, acrescentou.
Assim como no resultado do ano-safra, o Conselho registrou aumento das exportações para todos os principais mercados de destino do café brasileiro no primeiro semestre de 2019. Os Estados Unidos compraram 3,74 milhões de sacas de 60 quilos, 47,39% a mais que nos primeiro seis meses de 2018.
Segunda no ranking, a Alemanha importou 3,31 milhões de sacas, volume 41,07% superior. Em seguida na classificação, aparecem Itália, com 1,93 milhão de sacas no período (+35,17%), Japão, com 1,55 milhão (+55,37%) e Bélgica, com a compra de 1,21 milhão de sacas (+44,42%).
A expectativa é exportar 40 milhões de sacas em 2019. “O potencial do Brasil para atender os consumidores é muito forte”, avaliou Nelson Carvalhaes. “Não houve acúmulo de estoques nos consumidores mesmo com o Brasil exportando mais de 3 milhões de sacas por mês desde agosto do ano passado”, acrescentou o diretor técnico do CeCafé, Eduardo Heron.
Fonte: Globo Rural