Segundo o presidente da entidade, indústria precisa agregar valor ao produto entregue pelo pecuarista
A Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando) avalia que o segundo semestre será marcado pelas mudanças trazidas pelas Instruções Normativas 76 e 77, que visam atestar a qualidade do leite no país. Entretanto, a entidade, mesmo com a opinião favorável à questão, reforça que é necessário oferecer condições para que os produtores cumpram as medidas, pois quem não conseguir produzir leite com o padrão exigido automaticamente vai se excluindo da cadeia produtiva.
O presidente da Gadolando, Marcos Tang, ressalta que sanidade e qualidade são pré-requisitos para que os produtores consigam entregar produtos que agreguem valor e abram novos mercados, principalmente para os gaúchos, que só consomem cerca de 40% da produção total de leite do Estado. O baixo consumo cria dependência das vendas externas para outros Estados Brasileiros. “Precisamos debater seriamente está questão de mercado. Sempre dissemos que ao agropecuarista cabe produzir um leite de qualidade, mas a indústria está agregando valor adequado ao produto? Estão investindo na linha e na direção correta? Fazem a leitura adequada do mercado e da projeção para o futuro, ou querem apenas receber o leite, pasteurizar, embalar e vender no mercado da esquina?”, questiona.
O dirigente frisa que não se trata de uma generalização, mas que o profissionalismo deve acontecer de uma ponta até a outra. “O produtor não pode ser sempre o lado mais fraco. Além disso, estamos cansados de entregar o leite, queremos e precisamos vender o nosso produto. Necessitamos de garantias mínimas do preço, ao menos em médio prazo, pois como fazer previsões de investimento se não sabemos o quanto vamos receber pelo litro de leite que deixamos na indústria. Então temos que pensar em contratos ou acertos coletivos, de grupos específicos, que devem ser honrados por ambas as partes. Tudo isto para termos um planejamento mínimo, já que os insumos não param de subir”, destaca.
Tang acrescenta também que o acordo entre Mercosul e União Europeia vai trazer mais demanda e competição com mercados altamente organizados e, muitas vezes subsidiados, quando já existe uma concorrência desleal no Mercosul, pois as tarifas e cargas tributárias tornam pouco competitivos o produto brasileiro. “É hora das nossas autoridades político-administrativas nos dar um olhar diferente, e sei que temos alguns que o estão fazendo, pois caso contrário, faremos sucumbir o nosso bravo produtor de leite”, conclui o presidente da Gadolando.
Por: Nestor Tipa Júnior/AgroEffective