A preocupação com combustíveis fosseis devem impulsionar produção de açúcar, diz FAO.
A produção global de cana-de-açúcar deve crescer em torno de 13% ao longo dos próximos dez anos, apesar dos preços continuamente baixos para a commodity. O incremento deve-se em parte ao aumento contínuo da demanda por açúcar e, em especial, por etanol. A constatação é de relatório elaborado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
De acordo com o relatório, o uso global de etanol deve avançar 18% até 2028 — o que representa 21 bilhões de litros a mais na produção.
Brasil e China serão os principais responsáveis por impulsionar essa alta — o país sul-americano deve ver incremento de 7,6 bilhões de litros, ao passo que o gigante asiático deve responder por 5,4 bilhões de litros do total de crescimento estimado.
No caso brasileiro, a FAO e a OCDE lembram que o aumento da demanda está associado à implementação da Política Nacional de Biocombustíveis, que busca uma redução de 10% até 2028 nas emissões de gases do efeito estufa associadas ao setor de transporte. O relatório afirma que a estratégia deve incentivar a expansão da cana-de-açúcar para o uso de biocombustíveis no médio prazo — um movimento motivado em parte para compensar a queda de dez anos nos preços globais do açúcar.
A pesquisa observa que vários outros países têm aplicado políticas para estimular a transição do plantio do açúcar, a fim de orientar o cultivo para a produção de etanol. No geral, essas medidas visam apoiar os agricultores da cana-de-açúcar, alcançar compromissos climáticos e reduzir a dependência das importações de combustíveis fósseis.
Os biocombustíveis foram uma fonte importante de expansão das lavouras entre 2000 e 2015, mas o avanço das terras agrícolas para os próximos dez anos deverá ser menor, preveem a FAO e a OCDE. A demanda adicional deve vir principalmente da Indonésia, que usa óleo vegetal para o biodiesel, e da China e do Brasil, que usam mandioca e cana-de-açúcar para o etanol.
Fonte: Datagro