Atualmente dois animais vivem no local, que agora tenta levantar R$ 250 mil para trazer outra elefanta do Chile
Na manhã do último sábado, Rana parecia à vontade no Santuário de Elefantes Brasil (SEB), uma área de 1.100 hectares na Chapada dos Guimarães, coração de Mato Grosso. Divertiu-se numa poça de lama e, ao perceber as presenças de Scott Blais, presidente do SEB, e da equipe de Globo Rural, aproximou-se da cerca, ganhando um banho de mangueira. Assista no vídeo abaixo.
É impossível não se apaixonar pela história de Rana, Maia, Guida e outros elefantes que estão na fila de espera para chegar ao SEB no Brasil e em outros países da América do Sul. Rana chegou em dezembro de 2018, procedente do Sergipe, a tempo de conviver com Maia e Guida, que se instalaram no SEB em outubro de 2016, após mais de 40 anos de trabalho em circo. Segundo Blais, que coordena os trabalhos ao lado da mulher Katherine, Maia e Guida desenvolveram uma relação de irmãs após a chegada ao SEB. Rana tentava se integrar à dupla quando Guida morreu de causas naturais, em junho passado.
No momento, todos (humanos e elefantes) vivem o luto, mas, aos poucos, Rana e Maia estão se aproximando e a expectativa se volta para a chegada de Ramba, que vive no Parque Safári Rancágua, no Chile. Sua vinda, que envolve transporte aéreo e terrestre, deve custar R$ 250 mil, é aguardada para o início de outubro e motivo de uma campanha.
O SEB é mantido graças a doações, a maior parte delas feita a Global Santuary for Elephants, que criou o Santuário no Brasil junto com outra organização internacional, ElephantVoices. Local de refúgio para elefantes que foram retirados de suas famílias na infância e viveram uma vida de privações, o SEB conta somente com doadores particulares, entre eles, empresas como a Amarula, que criou uma campanha a favor da causa, batizada de Coração de Elefante.
O norte-americano Scott Blais, está feliz com a instalação do SEB em Chapada dos Guimarães, após uma longa busca por um local para receber elefantes resgatados na América do Sul. Nem as dificuldades da burocracia – enfrentadas para obter a licença de importação de elefantes como Ramba, por exemplo -, nem o risco de fogo nesta época de seca (ele agradece a atenção de vizinhos e o apoio do Corpo de Bombeiros), tiram o ânimo de Scott, que aprendeu a escutar os elefantes nos 31 anos dedicados a esses animais.
“Tentamos ouvir o que eles têm a dizer. Em geral, os animais chegam com rótulos de teimosos, agressivos, não sociáveis. Mas, à medida em que vão percebendo que estão seguros e têm autonomia para tomar decisões, vão revelando sua verdadeira identidade, encoberta por traumas de uma vida de cativeiro”, afirma.
Assistindo ao comportamento de Rana e Maia, e ouvindo histórias sobre Guida, Ramba e outras candidatas ao SEB, não há como duvidar da inteligência e sensibilidade desses animais, que têm hoje (12 de agosto) um dia mundial em sua homenagem.
Fonte: Revista Globo Rural