Peste suína africana tem efeito maior na exportação de carnes
As exportações brasileiras de carne suína nos sete primeiros meses de 2019 avançaram 19,6% em volume, para 414,5 mil toneladas, e 23,5% em receita, para US$ 847,8 milhões, na comparação anual. Os dados foram informados nesta quarta-feira, 21, pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
A estimativa da ABPA para todo o ano de 2019 é de avanço entre 8% e 12% nas exportações, de 700 mil a 720 mil toneladas. “Tudo depende de habilitações de novas plantas para a China”, afirmou em entrevista coletiva o presidente da ABPA, Francisco Turra, destacando que o gigante asiático precisará importar mais proteína em decorrência da peste suína africana, que vem assolando seus plantéis de suínos.
As compras chinesas de carne suína brasileira nos sete primeiros meses de 2019 avançaram 31% na comparação anual, para 115 mil toneladas. Foi o país que mais adquiriu a proteína brasileira no período. Hong Kong ficou em segundo lugar, com 91 mil toneladas, queda anual de 8%.
Santa Catarina foi o Estado que liderou as exportações de carne suína no período em volume – 237 mil toneladas (+29% na comparação anual) – e em receita – US$ 468 milhões (+33%). A produção do País no ano deve avançar entre 1% e 2,5%, algo entre 4 milhões e 4,1 milhões de toneladas. O consumo por capita também deve avançar entre 1% e 2%, para 16 quilos por habitante.
Peste suína africana tem efeito maior na exportação de carnes
O aumento das exportações de carne de frango e suína nos sete primeiros meses de 2019 representa apenas o começo do impacto da peste suína africana no mercado global de proteína animal, afirmou o diretor executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.
“A China é o principal driver, mas esse processo é em toda a Ásia. Pode causar crise de alimentação”, afirmou em coletiva à imprensa. Ele estimou que nos próximos meses, quando a temperatura na China começar a ficar mais fria e o consumo local aumentar, o efeito nos preços fique maior, até porque haverá menos reposição de animais, já que o país vem fazendo abates sanitários adiantados.
Quanto a habilitações de novas plantas para a China, os executivos da ABPA afirmaram que isso depende do governo do gigante asiático, mas que o Brasil está preparado para ampliar o número de unidades com permissão de exportar para lá.
“É a China que decide quando irá habilitar. Mas nós dizemos que temos condições, e eles conhecem nossas empresas. BRF, JBS e Aurora, por exemplo, já têm plantas habilitadas para lá.” O presidente da ABPA, Francisco Turra, especulou que possivelmente as habilitações estejam demorando mais do que se esperava porque os chineses não querem demonstrar vulnerabilidade.
“O chinês é muito inteligente comercialmente. Se eles habilitarem dezenas de plantas repentinamente, é possível que o preço para eles aumente em seguida. Então estão demonstrando segurança, dizendo: ‘não estou precisando tanto assim’. Não querem se entregar para que o mundo os explore”.
Durante a entrevista, os executivos da ABPA listaram formas de aumento de exportação para a China sem que novas plantas sejam, necessariamente, habilitadas. As unidades brasileiras que já têm exportação para lá podem direcionar toda a sua produção para o gigante asiático – hoje, parte dela vai para outros países e até para o mercado interno. Além disso, disseram que a China pode querer importar partes dos animais que hoje o país não consome.
“Daqui a pouco, a China pode querer coxa com sobrecoxa, ou peito de frango, produtos que não são de seus hábitos”, disse Santin. Entretanto, ele destacou que os preços da proteína no mercado interno, como consequência, podem aumentar: “Vai haver disputa pelo produto. Hoje, mercado interno e externo já brigam por mercadoria”.
Santin destacou que a ABPA trabalha para estreitar as relações com os chineses, já contando com um representante fluente em mandarim no país. Ele também elogiou as atitudes nesse sentido da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que fez uma missão ao país acompanhada por empresários e pretende voltar à região.
Fonte: Revista Globo Rural