Estudo divulgado dia 12, deste mês, no evento Innovation Summit mostra que o Brasil conta com 363 incubadoras de negócios inovadores e 57 aceleradoras. O Mapeamento dos Mecanismos de Geração de Empreendimentos Inovadores, também estima que, em 2017, as 3.694 empresas incubadas no Brasil foram responsáveis pela geração de 14.457 postos de trabalho e faturaram conjuntamente R$ 551 milhões.
Incubadoras são instituições que auxiliam as empresas que tenham como principal característica a oferta de produtos e serviços no mercado com significativo grau de inovação. Elas geralmente ofertam espaço físico ou infraestrutura e suporte adaptados para alojar os empreendedores, promovendo acesso a serviços ou orientações que as empresas dificilmente teriam encontrado sozinhas.
Já as aceleradora de negócios são semelhantes às incubadoras, porém, o tempo de contribuição com o desenvolvimento do negócio é determinado, e normalmente é responsável por investir financeiramente em startups, que são pequenas empresas de tecnologia com viés inovador, que fornecem serviços à sociedade em diversas áreas. .
O levantamento foi feito em parceria entre a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) .
O estudo mapeia o ecossistema de empreendedorismo inovador do Brasil, por meio de pesquisas com incubadoras e aceleradoras do país.
Os mecanismos de geração de empreendimentos inovadores compreendem as organizações, programas ou iniciativas de geração de empreendimentos inovadores ou de apoio ao desenvolvimento de empresas nascentes de base tecnológica, o que inclui as incubadoras de empresas, as aceleradoras de negócios, os espaços abertos de trabalho compartilhado e os laboratórios abertos de prototipagem rápida.
A maior parte dessas incubadoras, ou 61% do total, são mantidas por universidades. Grande parte atua nas áreas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), Agronegócio e Saúde/Ciências da Vida.
O Brasil tem também, segundo o estudo, 57 aceleradoras, sendo que a maioria delas, 45 no total, estão localizadas nas regiões Sul e Sudeste. A maior parte atua no setor de agronegócio, educação, eletroeletrônico, saúde e ciências da vida, financeiro e varejo. O estudo estima que um total de 2.028 startups foram aceleradas no país. Estima-se também que tenham sido gerados um total de 4.128 empregos diretos nas startups apoiadas. Em 2017, o faturamento de todas as startups aceleradas foi estimado em R$ 474 milhões.
O estudo foi feito entre setembro de 2018 e março deste ano. Participaram da pesquisa 121 incubadoras e 29 aceleradoras. “Estamos em um momento de escalabilidade das iniciativas de apoio à inovação. E esse estudo vai ajudar bastante nesse processo de tomada de decisão. E o segundo ponto fundamental é que isso é uma realidade brasileira, já está acontecendo. O Brasil está nessa onda. Temos indicadores que demonstram que estamos já com resultados significativos e esse efeito multiplicador precisa acontecer. Essa é uma agenda do bem”, disse Paulo César Rezende de Carvalho Alvim, secretário de Empreendedorismo e Inovação do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTIC), em entrevista à Agência Brasil nesta segunda-feira.
Segundo o secretário, além dos números, o estudo mostra também a diversidade de iniciativas no país. “Outro ponto fundamental é que, a partir de uma experiência, começa-se a incorporar outros instrumentos e mecanismos que podem robustecer o processo”, acrescentou.
O presidente da Anprotec, José Alberto Sampaio Aranha, disse que o objetivo das entidades com esse estudo é “conseguir uma informação atualizada” sobre o ecossistema do empreendedorismo inovador brasileiro. “Se juntar esse mapeamento e essas informações com as políticas públicas que estão sendo estabelecidas – como a MP de Liberdade Econômica, o Marco Legal de Startups e o PNI (Programa Nacional de Incubadoras e Parques Tecnológicos), desatar os nós e se conseguir começar a empreender, isso será uma coisa fantástica e fará com que o Brasil, em um ano, consiga se transformar totalmente”, disse.
O estudo, segundo Aranha, mostrou ainda a transformação do ecossistema e dos seus novos atores, o crescimento das aceleradoras e os caminhos que as incubadoras estão encontrando para sobreviver. “Tínhamos, primeiro, esse movimento baseado em universidades. Depois entraram as grandes corporações. E agora está entrando o governo. Isso tudo é muito dinâmico”, explicou.
Segundo Claudia Pavani, do Instituto Christiano Becker de Estudos sobre Desenvolvimento, Empreendedorismo e Inovação e coordenadora técnica do mapeamento, o estudo demonstrou também “que há um movimento de mudança muito forte”. “Em parte por incursões macroeconômicas e econômicas. Um dado importante, por exemplo, é que boa parte das incubadoras são ligadas às universidades – e universidades federais. Então, quando temos um momento de restrição orçamentária para as universidades federais, as incubadoras sofrem também. O estudo foi feito em 2017, quando tínhamos vindo de dois anos de recessão econômica. Por outro lado, o movimento das startups mudou muito e cresceu muito. Então, esses mecanismos estão tendo que se adaptar a essas mudanças para poder lidar com essa nova empresa, que é uma empresa mais rápida, de tecnologia e que precisa de muitos recursos”.
Para ela, o mapeamento demonstra que “existe um número representativo sim de incubadoras e aceleradoras no país”. “E elas estão conseguindo fazer empresas e promover a criação e o fortalecimento de empresas novas. E essas empresas estão faturando, pagando impostos e gerando postos de trabalho. E as empresas graduadas estão faturando R$ 18 bilhões. O que é um número representativo para um negócio que não existia antes”, falou.
* A repórter viajou a convite da organização do evento Innovation Summit