A fruta do milagre também conhecida como fruta-mágica ou miraculina, possui uma substância que bloqueia a acidez e “adocica” o gosto dos alimentos. Confira esta matéria especial e compartilhe com os amigos.
A fruta do milagre (Synsepalum dulcificum) é nativa da África. Espécie é conhecida nos Estados Unidos e na Europa, mas aqui no Brasil, chegou somente a partir dos anos 2000 e ainda continua no anonimato. Geralmente, é cultivada por colecionadores ou produtores de alimentos exóticos. Por aqui também é conhecida apenas como “miraculina”.
A planta tem porte pequeno, atingindo até um metro e meio de altura, em média. Por isso se adapta muito bem em vasos. Com 20 cm a 30 cm já é capaz de produzir as frutinhas, mas só quando as mudas completam 4 anos de idade.
Efeito milagroso
Chupar limão, tomar um gole de vinagre e comer maracujá puro. Já imaginou fazer tudo isso sem caretas? Basta consumir a fruta do milagre, que é capaz de deixá-los “adocicados“. O termo fruta do milagre é internacional (vem de miracle berry, em inglês). Há também quem a chame de fruta-mágica ou fruta-milagrosa.
Bem vermelha, a fruta é pequena e lembra um grão de café. Ela não é rica em açúcares, mas sim em miraculina, proteína que age nas papilas gustativas da língua. Essa substância bloqueia a acidez e azedume dos alimentos. Com isso, os açúcares naturais dos ingredientes, como a frutose, tomam conta de todo o paladar – daí acontece o “milagre”.
Seu sabor é suave, quase inexistente. Depois da ingestão da fruta in natura, é possível comer pratos amargos, sucos e doces sem açúcar para melhorar o gosto. O efeito “mágico” dura entre 30 minutos e 2 horas.
Estudiosos apontam, inclusive, que a fruta-do-milagre pode ser benéfica para pessoas com diabetes. Elas não podem consumir açúcar, mas a proteína miraculina não faz mal à saúde e ainda promove a boa sensação no paladar. Mas atenção: o ingrediente não anula os efeitos da acidez no estômago, então quem possui problemas digestivos deve tomar cuidado!
Características
Nativa das florestas tropicais da África Ocidental, a fruta foi descoberta por pesquisadores no século 18, mas seu consumo ainda é tímido pelo mundo. É bastante encontrada na Nigéria e no Japão, onde é comum ser comercializada processada.
Miraculina é uma molécula química de glicoproteína encontrada nas bagas da fruta-milagrosa, cujo nome científico é Sideroxylon dulcificum. Esta molécula é formada por 191 aminoácidos ligados a algumas cadeias de carboidratos, ocorrendo como um tetramero. Foi isolada pela primeira vez em 1968 pelo Prof. Kenzo Kurihara e sequenciada pela primeira vez em 1989.
A miraculina ganhou este nome por ser considerada milagrosa, já que engana a percepção do gosto azedo e amargo da língua, fazendo com que a comida azeda e amarga (como o limão, por exemplo), caso seja consumida após a ingestão da miraculina, passe a ter um gosto muito doce. O efeito dura entre trinta minutos a duas horas.
Substituto do Açúcar?
O mecanismo de ação da miraculina tem sido alvo de estudos para ser usada como um substituto do açúcar para alimentos mais ácidos. O que se sabe é que ela liga-se às papilas degustativas da língua e altera a percepção do sabor amargo ou ácido para doce (ao comer um limão, por exemplo, ele passará a ter um sabor muito doce). Este efeito é resultado maioritariamente dos dois resíduos de histidina His29 e His59. Não é exatamente que o ácido se transforme em doce ou que nossas papilas sejam enganadas, nem que o suco de limão deixe de ter o Ph ácido de sempre.
É simplesmente porque a miraculina permanece em nossa mucosa durante algum tempo e funciona como adoçante instantâneo e involuntário para todo alimento ácido que chegue perto. Por isso, é preciso ter cuidado, já que, por não alterar a química dos alimentos em si, ela pode ser um perigo para o estômago e mucosas em caso da ingestão excessiva de ácidos. Além disso, a miraculina é muito sensível a altas temperaturas, desnaturando acima dos 100º C, tornando impossível o seu uso com alimentos quentes ou cozinhados.
De qualquer forma, alguns pesquisadores da Flórida, nos EUA, clonaram o gene que codifica a miraculina em frutas e vegetais transgênicos com objetivo de obter frutas com baixo nível de açúcar e vegetais que sejam mais agradáveis ao paladar. Outra linha de pesquisa, procura desenvolver adoçantes baseados na fruta, tendo como alvo o público diabético.
Cientistas japoneses dedicam-se a tentar sintetizar a miraculina em laboratório, por meio de modificações genéticas em tomates.
Por enquanto, a maneira mais simples e barata de conseguir uma dose de miraculina é comprar os tabletes que contêm a polpa desidratada da fruta do milagre.
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