A preocupação do homem com o bem-estar teve início no século IV a.C.
quando Aristóteles conceituou a dor como uma paixão da alma
Em 1809, foi criado na Inglaterra o primeiro órgão contra a crueldade em
animais e desde então a sociedade vem buscando o equilíbrio entre
produção e o bem-estar animal. Atualmente, o tema tornou-se parte do
cotidiano, haja vista, o aumento da procura por produtos orgânicos,
ovos provenientes de galinhas livres de gaiolas, leite de vaca a pasto,
etc.
Após a Segunda Guerra Mundial, com crescente demanda populacional e
consequente necessidade de produzir alimentos, entre 1965 e 1979, foram
estabelecidas as “Cinco Liberdades” de: fome e de sede; de medo e de
ansiedade; de desconforto; de sofrimento, dor e doença e a liberdade
para expressar seu comportamento natural. Entretanto, essas são
diretrizes gerais que avaliam o coletivo e não levam em conta a moderna
equideocultura que vivemos.
Em 2017, o neozelandês, David J. Mellor, determinou que a avaliação
do bem-estar em cavalos deve ser dada pelos chamados “5 Domínios”:
comportamento; experiências mentais; nutrição; ambiente e saúde.
Esses “5 Domínios” produzem mais influência sobre o sistema produtivo
dos animais do que as “5 liberdades”, pois indicam caminhos práticos e
positivos para as boas práticas de bem-estar animal.
Uma adaptação do trabalho de Mellor, realizada pelo Professor Hélio
Manso da UFRPE (Universidade Federal Rural do Pernambuco) em parceria
com a ABRAVEQ (Associação Brasileira de Veterinários de Equídeos),
em 2018 classificou em “Domínios funcionais e físicos” (como o
primeiro: nutrição e hidratação; em segundo: ambiência; terceiro:
saúde e bem-estar; quarto: comportamento) e “Domínios de experiências
afetivas” (quinto: estado mental).
Porém, a avaliação do ponto de vista dos “5 Domínios” engloba
somente o coletivo. E no cenário atual onde há inúmeras provas
equestres com cavalos de alto desempenho o trabalho desenvolvido pela
UFRPE e ABRAVEQ considerou a apreciação individual. A determinação
do bem-estar no cavalo acontece por meio de uma pontuação e observa os
seguintes pontos: escore corporal, ferimentos, dor ou claudicação,
frequência cardíaca em repouso e 30 minutos após o exercício,
neutrófilos, anemia e creatinaquinase.
Entidades de classe como o Conselho Federal de Medicina Veterinária
(CFMV) incorporou na Resolução 1236/2018 que indicadores nutricionais
ambientais, comportamentais e de saúde devem ser considerados quando se pretende julgar se as práticas de bem-estar estão sendo respeitadas. O
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que rege
pelas associações de raça no Brasil, sob Decreto nº 9.975 de 2019 é
a instância superior para avaliar os protocolos de bem-estar animal
elaboradas pelas entidades promotoras de competições.
Sendo assim, a busca pelo conforto dos animais é almejada pelos amantes
do cavalo e daqueles que o tem por hobby aos que vivem da atividade. A
discussão sobre bem-estar deve ser no campo técnico e com bases
científicas, considerando a importância cultural e econômica do
setor.
Pela paixão, respeito e “Valor à vida”, a Guabi trouxe o “Programa de
bem-estar animal” que proporciona benefícios como melhora no desempenho atlético e no estado de saúde geral do plantel, na prevenção de
riscos e doenças, no aumento da eficiência nutricional e no
fortalecimento do segmento.
Por Natalia Telles – Médica Veterinária e assistente
técnica de equinos da Guabi Nutrição e Saúde Animal