Governo anula taxa sobre importação de Leite da União Européia e Nova Zelândia.
A taxa tinha objetivo de evitar que produtores nacionais fossem prejudicados pelo aumento de oferta dos produtos de outros países; suspensão também vale para a Nova Zelândia.
A pergunta que fica no ar é: Porque esta isenção?
Como todos nós sabemos, isto trará maior concorrência aos produtores nacionais e inundará o mercado de ofertas, fazendo o preço pago ao produtor cair ainda mais. Mas, vamos aos fatos.
O Ministério da Economia decidiu encerrar a cobrança tarifária antidumping sobre a importação de leite em pó, integral ou desnatado da União Europeia e Nova Zelândia. A decisão foi publicada nesta quarta-feira, dia 6, no Diário Oficial da União (DOU).
Com a data limite para renovação até esta quarta-feira, a taxa tinha como objetivo evitar que os produtores nacionais fossem prejudicados pelo aumento de oferta dos produtos desses países.
Mas a discussão em torno da taxação que entrou em vigor em 2001, já é antiga. Desde novembro de 2018 a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) reforçou a necessidade de prorrogação da tarifa.
Durante um encontro na Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Leite e Derivados do Ministério da Agricultura, em Brasília, Rodrigo Alvim, presidente da comissão, explicou que a cada cinco anos é necessário renovar os direitos antidumping. Em novembro, a entidade realizou um pedido para a manutenção das alíquotas de 14,8% para o leite importado da UE e de 3,9% para o da Nova Zelândia.
“Não é uma questão de proteger o mercado brasileiro, mas de se defender de práticas desleais de comércio. Há uma visão de que não haveria muito sentido em se prorrogar novamente esses direitos antidumping. Isso nos preocupa porque representa o risco do Brasil ser inundado de leite importado, principalmente da UE”, afirmou Rodrigo Alvim.
Segundo o assessor técnico da CNA, Thiago Rodrigues, desde que deixou de vigorar o sistema de cotas de produção que limitava a produção de leite dos países membros da UE, em 2015, houve um aumento da produção. Atualmente, estima-se um estoque de aproximadamente 400 mil toneladas de leite em pó naquela região.
“Ver um mercado consumidor do tamanho do Brasil para escoar esse excedente seria muito interessante para eles. A partir do momento que há competição internamente com um produto que é subsidiado lá fora, isso traz uma insegurança para o produtor brasileiro”, disse Rodrigues.
Com esta medida, o Governo Federal acaba de sinalizar mais uma vez que não dará atenção as reivindicações do setor, pois uma das pautas discutidas nas diversas manifestações é justamente a liberação para importação de leite de outros países, foi assim com a Argentina e Uruguai, agora esta acontecendo com a União Europeia e Nova Zelândia.
Nós já publicamos alguns desabafos de produtores aqui nosso portal, mas sempre é bom relembrar…
O produtor de leite Brasileiro já enfrenta uma situação desanimadora com a própria legislação do setor que favorece as empresas beneficiadoras na precificação do leite, além disso, em sua grande maioria, são produtores considerados de pequeno porte e que não tem capital suficiente para arcar com as despesas básicas da propriedade durante um período muito longo, muitos estão endividados, trabalhando para a sobrevivência, sem perspectivas de lucratividade. Lembrando que a cada 11 minutos, 1 pecuarista de leite deixa a atividade, isso é lamentável.
A pergunta que não quer calar, porque o Governo Federal isentou a taxa de importação da União Europeia e Nova Zelândia? responda quem puder…
Por Vicente Delgado – AGRONEWS BRASIL, com informações do Canal Rural