A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China afeta de forma crescente o comércio mundial e segundo o Indicador sobre as Perspectivas do Comércio Internacional divulgado na última terça (19), pela Organização Mundial de Comércio (OMC) são evidentes as tendências particularmente negativas para as exportações e importações.
Os efeitos do contencioso entre as duas maiores potências econômicas do planeta podem começar a afetar, de forma significativa, as exportações de países emergentes, como o Brasil.
Na avaliação do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, “o Brasil sera afetado duplamente por uma queda mais significativa do crescimento da China com a consequente retração do comércio exterior do gigante asiático”.
Segundo José Augusto de Castro, “caso aconteça de os Estados Unidos e a China não chegarem a um acordo que acabe com a guerra comercial, a economia chinesa vai se contrair e isso afetará bastante o Brasil. Seremos afetados pela queda nas exportações de commodities como a soja, minério de ferro e petróleo, que em seu conjunto responderam por mais de 72% de todo o volume exportado pelo Brasil para os chineses em 2018 e também pela redução dos investimentos chineses no País. Ou seja: o Brasil sera afetado direta e duplamente”.
O presidente da AEB afirma que “já temos indicações de que vai ocorrer uma queda importante nas exportações de soja em grãos, o carro-chefe de nossos embarques para a China, que gerou no ano passado uma receita no montante de US$ 27,34 bilhões e este ano deverá cair pelo menos 17,8%. A queda nas exportações já é uma realidade. As vendas de estados produtores importantes como Mato Grosso, Paraná e Mato Grosso do Sul já apresentam índices de queda. O mesmo deverá acontecer em relação ao milho. Em consequência, haverá uma redução importante no superávit comercial a ser alcançado pelo Brasil neste ano não apenas em relação à China mas no conjunto de seus parceiros no comércio internacional”.
Por enquanto, a OMC segue mantendo uma previsão de alta de 3,7% do comércio mundial em 2019, mas a entidade já admite a possibilidade de começar a revisar essa estimativa no próximo mês de abril. E vê com maior pessimismo o futuro do comércio dos países emergente.
Esse declínio tornou-se evidente em dezembro do ano passado e deverá se acentuar nos próximos meses. Medido em dólares americanos, as exportações desse grupo de países passou de 7,1% em novembro para 2,1% em dezembro, em termos anuais.
A contração foi mais pronunciada nos produtores de manufaturas, com queda nas exportações dos emergentes da Europa e da Ásia e nos próximos meses o mesmo deverá acontecer em relação aos países exportadores de produtos básicos, como o Brasil.
De acordo com a consultoria Capital Economics, as exportações dos países emergentes serão afetadas por três fatores: a escalada das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China; a redução internacional dos preços das commodities; a desaceleração do crescimento econômico global, com a consequente contração na demanda por exportações dos países emergentes.
Fonte: Comex do Brasil