O dólar avançava levemente ante o real nesta quinta-feira, com cautela ligada à reforma da Previdência, após entrega do projeto de aposentadoria dos militares ao Congresso na véspera, e ainda repercutindo as decisões do Federal Reserve e do Copom de quarta-feira
Às 10:56, o dólar avançava 0,34 por cento, a 3,7789 reais na venda. Na véspera, a divisa norte-americana recuou 0,61 por cento, a 3,7661 reais na venda, o menor fechamento desde 28 de fevereiro.
O dólar futuro rondava a estabilidade.
Na quarta-feira, o governo entregou ao Congresso o projeto de reforma previdenciária dos militares, que prevê economia de 10,45 bilhões de reais em 10 anos, bem abaixo dos mais de 90 bilhões de reais que foram divulgados pela equipe econômica quando apresentaram a PEC dos civis.
A diferença entre os valores, que se deve à incorporação no projeto de uma reestruturação de carreira e benefícios à categoria, gerou cautela entre investidores e mal-estar entre parlamentares.
O anúncio do nome do relator para a reforma dos civis na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, previsto para esta quinta-feira, foi adiado à espera de um “esclarecimento” do governo sobre o projeto dos militares, informou a liderança do PSL na Casa.
Segundo o operador de câmbio da Advanced Corretora Alessandro Faganello, o número, que veio abaixo do esperado, levanta “risco de pleitos mais intensos, assim por dizer, possam ser feitos por outras categorias, resumindo, a equipe econômica terá que usar do seu poder de convencimento e diálogo, em suas conversas com o Congresso e seu presidente”.
Nesta quinta-feira, o secretário especial da Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, admitiu que haverá pressão de outras categorias para ajuste salarial, mas descartou a possibilidade de isso acontecer.
Internamente, a alta do dólar é limitada pela decisão do Fed, enquanto no exterior, a divisa norte-americana avança quase 0,5 por cento frente a uma cesta de moedas.
Na véspera, o Fed sinalizou que não promoverá mais altas de juros em 2019, classificou a inflação como “fraca” e rebaixou as estimativas de crescimento dos EUA, mas melhorou o cenário para o mercado de trabalho no longo prazo.
Do lado doméstico, o Copom manteve, como era esperado, a Selic no piso histórico de 6,50 por cento, mas trouxe novidades ao indicar em seu comunicado que o balanço de riscos para a inflação está simétrico.
A decisão, a primeira com Roberto Campos Neto no comando da autoridade monetária, tira o impedimento explícito que o BC vinha apontando para possivelmente diminuir os juros à frente.
Agentes financeiros agora aguardam a ata do Copom, que será divulgada na próxima terça-feira, em busca de mais detalhamentos, inclusive sobre a atuação de Campos Neto.
O Tesouro divulgou nesta quinta-feira que fará emissão no mercado externo do Global 2029, bônus denominado em dólares com vencimento em 28 de maio de 2029, com resultado a ser divulgado no final do dia.
Ainda nesta sessão, o BC realiza leilão de até 14,5 mil swaps cambiais tradicionais, correspondentes à venda futura de dólares, para rolagem do vencimento de abril, no total de 12,321 bilhões de dólares.
Por Laís Martins/ Reuters