O que pode substituir o leite de vaca? Para entendermos essa revolução que pode ocorrer em pouco tempo com produção de um “leite sem vaca“, devemos ter em mente que a busca por esta alternativa não está relacionada com a falta de animais para produção de leite.
Uma pesquisa revelou que se o rebanho leiteiro brasileiro tivesse o mesmo desempenho médio que as vacas das fazendas mais produtivas do país, o Brasil poderia alcançar os 34 bilhões de litros de leite por ano que produz hoje com apenas 25% do rebanho atual.
Segundo o novo Índice Ideagri do Leite Brasileiro (IILB), o país poderia produzir todo o leite que consome com apenas 25% das vacas leiteiras que possui, apenas utilizando uma gestão profissional eficiente nas propriedades rurais.
Como substitui o leite de vaca?
Bom, entendido isso, vejamos agora algo que já é comum no mercado, que foram as primeiras tentativas de substituição do leite comum pelo leite vegetal, que pode até ser gostoso, mas não é leite – está mais para um suco de sementes. Não tem a mesma textura, o mesmo gosto, nem se comporta da mesma forma se transformado em queijo, sorvete ou iogurte.
Fazer leite sem vaca é difícil por causa da fórmula: como cerca de 90% do leite é água, todas as proteínas, gorduras e açúcares entram numa proporção diminuta. Reproduzi-las com vegetais, mantendo suas propriedades lácteas, é quase impossível. Mas há várias empresas tentando fazer isso, como você vai conhecer a partir de agora.
As possíveis inovações que podem substituir o leite de vaca
O leite sem vaca
Uma das empresas que está trabalhando intensamente para criar o leite sem vaca é a americana Perfect Day Foods, que está usando bactérias e leveduras geneticamente modificadas para fermentar açúcar – e criar um líquido que contém caseína, alfa-lactoalbumina e beta-lactoglobulina, as três proteínas que dão ao leite suas características típicas. “Ao contrário de proteínas feitas com soja, amêndoas ou outras plantas, as nossas são exatamente iguais às que vêm da vaca”, diz Ryan Pandya, CEO da empresa. O leite sintético da Perfect Day só deve chegar ao mercado daqui a alguns anos.
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Já a startup chilena The Not Company (NotCo) aposta em outra tática: usar inteligência artificial para tentar descobrir a proporção exata, entre ingredientes de origem vegetal, para reproduzir o leite. Após criar a Not Mayo, uma maionese sem ovos, a empresa está lançando o Not Milk, seu leite sem leite. O autor da proeza é um algoritmo, batizado de Giuseppe, que usa uma base de dados com as características de milhares de alimentos. O software determina qual a cor, o pH, a densidade, a concentração de açúcar, o ponto de ebulição e o ponto de congelamento do alimento que deve reproduzir. Daí, consulta seu banco de dados para encontrar ingredientes que possam suprir cada um desses atributos.
O computador acelera o processo de tentativa e erro, e faz combinações que um humano não teria imaginado. Por exemplo, Giuseppe usou grão de bico no lugar de ovo para fabricar maionese. Misturou champignon com nozes para imitar o sabor do chocolate. E usou grãos de cacau para tentar substituir o sabor de um queijo azul.
O natural e o artificial do ponto de vista sagrado
Para entendermos esta questão, vou citar a Índia, lá a vaca é considerada a mãe da humanidade e portanto é sagrada. Afinal, segundo o Hinduísmo, o leite produzido pela vaca é o que nos dá vida depois da nossa própria mãe. É por isso que elas não podem ser maltratadas, é por isso que elas são alimentados nas ruas e é por isso que elas estão autorizados a andar soltas pela terra que, segundo a tradição, um dia foi delas e que foi invadida por nós.
Em lugares sagrados como Pushkar, esse pensamento se estende a todas as criaturas. A população é vegetariana porque não entende como se pode evitar alimentos impuros obtidos da violência. Assim, muitos hindus só consomem produtos de origem animal alcançados pacificamente, como é o caso do leite e mel.
Consumir leite sem vaca, não parece uma atitude muito ligada a questões sagradas.
E o produtor de leite, como fica?
Pelo que percebemos nas descrições das empresas, o fator humano será substituído pelo fator tecnológico (computadores), não há sequer uma menção ao pecuarista tradicional.
A atividade leiteira vem sofrendo há bastante tempo com a falta de assistência, políticas públicas que beneficiam as indústrias e mercado desanimador para o produtor. Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite – ABRALEITE, Sr. Geraldo de Carvalho Borges, “há décadas os problemas são os mesmos que nunca foram resolvidos”. Em entrevista ao portal AGRONEWS BRASIL, Geraldo avalia que, “o custo Brasil talvez seja um dos piores fatores que torna o preço do nosso leite não competitivo e abre guardas para que outros problemas aconteçam na cadeia produtiva do leite nacional, como é o caso da gangorra de preços praticados pela indústria ao produtor”.
Além disso, o cenário não é muito favorável ao pecuaristas de leite que em sua grande maioria, são produtores considerados de pequeno porte e que não tem capital suficiente para arcar com as despesas básicas da propriedade durante um período muito longo de atividade, muitos estão endividados, trabalhando para a sobrevivência, sem perspectivas de lucratividade.
Diante de todo este cenário, iniciativas como estas de substituir o leite produzido pelas “tradicionais” vacas leiteiras, vem ganhando cada vez mais força em todo o mundo e pode acabar de vez com o futuro da atividade leiteira. Aqui eu deixo o alerta aos amigos produtores rurais de todo o país, para que fiquem atentos as mudanças que virão por aí, a tecnologia sempre busca substituir a atividade humana, isso é um fato incontestável. Parece coisa de filme de ficção, como assistimos no Exterminador do Futuro, aquele filme do Arnold Schwarzenegger, que todos nós conhecemos, mas este futuro já chegou e esta batendo a nossa porta, temos que estar preparados para a revolução das máquinas.
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Por: Vicente Delgado – AGRONEWS BRASIL, com informações da Super Interessante.