A questão da evolução da disponibilidade interna da carne de frango não se esgota nos volumes globais analisados na matéria anterior (vide “Carne de frango: produção e oferta interna em fevereiro”): fica ainda mais clara quando avaliada sob o aspecto da disponibilidade média diária
E a primeira constatação é a de que o volume/dia disponibilizado internamente em fevereiro foi superior ao dos 13 meses anteriores, isto é, desde janeiro de 2017. Aliás, superou em mais de 3% o que foi disponibilizado em dezembro de 2017, mês em que, com certeza, se registrou o maior consumo de carne de frango do ano que passou (o que não impediu a formação de estoques de passagem para 2018).
Idêntica constatação ocorre quando a evolução da disponibilidade é analisada sob um ângulo bimestral. Mas chega-se a diferenças gritantes conforme o bimestre-base de comparação.
Assim, comparativamente ao mesmo período de 2017, a disponibilidade interna do primeiro bimestre de 2018 aumentou 1,47%, mesmo índice de incremento da disponibilidade média diária – porque os dois bimestres têm o mesmo número de dias.
Porém, na comparação com o último bimestre de 2017, o incremento de pouco mais de meio por cento na disponibilidade total transforma-se em expansão de quase 4% na disponibilidade média diária – porque o bimestre inicial do ano tem 59 dias, contra 62 dias do bimestre anterior.
Pode parecer pouco. Mas em se tratando do bimestre de pior consumo do exercício é o suficiente para aviltar todo o mercado. Suficiente, mais ainda, para – como estamos observando – contaminar todo um trimestre.
E o problema, aqui, não advém apenas da queda das exportações. Começou com uma produção que ignorou as possibilidades de consumo interno e externo.
Fonte: Avisite