Houve expressivo aumento da exportação de solúvel para o Vietnã (1.870%), Reino Unido (25%), Polônia (13%) e Indonésia (13%) de 2016 para 2017.
As exportações do Café Solúvel do Brasil foram realizadas para 106 países em 2017, cujo volume foi equivalente a 3,46 milhões de sacas de 60kg, e geraram uma receita cambial de US$ 639,22 milhões. Esse volume representou uma redução aproximada de 11%, se comparado com o ano de 2016 e, ainda, de 2% na comparação com 2015. Com essa performance, pode-se afirmar que o café solúvel brasileiro perdeu o que havia conquistado em termos de venda ao exterior nos dois anos anteriores citados, e assim retrocedeu a idêntico volume exportado em 2014.
O menor desempenho das exportações do solúvel brasileiro em 2017, ora objeto desta análise, pode ser atribuído diretamente à redução da produção nas lavouras do café conilon, produto essencial para a industrialização do solúvel, o que gerou obviamente uma crise no abastecimento desse tipo de café no País, principalmente no período de agosto de 2016 a abril de 2017, como consequência direta da estiagem que acometeu o maior estado produtor de conilon do País – Espirito Santo.
Dessa forma, como os contratos das exportações das indústrias de café solúvel são firmados com antecedência de 6 a 12 meses, a falta da matéria-prima no período citado, associada à insegurança quanto à safra futura e aos preços internos muito acima do mercado internacional, impactaram diretamente na redução de contratos de exportação, cujo resultado se concretizou em 2017.
Essas análises do desempenho e da performance da oferta da matéria-prima e de exportação do café solúvel, entre outros assuntos de interesse do setor cafeeiro nacional, constam do Relatório do Café Solúvel do Brasil – Abril 2018, da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel – ABICS, o qual está disponível na íntegra no Observatório do Café do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café.
Conforme ainda o mencionado Relatório da ABICS, as receitas obtidas com as exportações em 2017, a despeito de terem sido 6% superiores ao ano de 2016 e, mais que isso, 10% a mais que em 2015, não significaram mais rentabilidade para as indústrias do solúvel, pois os preços internacionais de café conilon – matéria-prima – foram majorados, e, no caso brasileiro, foram ainda superiores aos dos países produtores concorrentes. Tal circunstância dificultou os negócios e as vendas e exportações, as quais foram realizadas com valores abaixo do mercado internacional, em decorrência de as indústrias tentarem evitar perdas de clientes tradicionais do Café Solúvel do Brasil.
Nesse contexto, dos vinte maiores destinos do café solúvel brasileiro, que representaram em torno de 80% da receita total de 2017, houve diminuição no volume exportado para 13 deles. E, além disso, a despeito dos esforços das indústrias brasileiras para a manutenção de clientes, houve perda de contratos de fornecimento para indústrias concorrentes da Ásia, o que implicou redução das exportações do Brasil para países desse continente, como: Cingapura (-44%); Malásia (-39%); e Coreia do Sul (-16%).
Outro fator que também afetou o desempenho das exportações do solúvel brasileiro em 2017, conforme o Relatório do Café Solúvel do Brasil – Abril 2018, foi o fato de indústrias asiáticas também exportarem para países importadores do Brasil, o que, obviamente, reduziu as exportações brasileiras de café solúvel, notadamente para Ucrânia (-59%), Alemanha (-25%), Sérvia (-17%), Turquia (-13%) e Arábia Saudita (-11%). Em contrapartida, houve expressivo aumento de exportação para o Vietnã (1.870%), Reino Unido (25%), Polônia (13%) e Indonésia (13%).
Nesse caso, vale destacar que o Vietnã, segundo maior produtor mundial de café, logo após o Brasil, com sua agressiva estratégia comercial de conquista de novos mercados para seu café solúvel, teve expressivo destaque de crescimento em volume, com evolução de 1.870% em relação a 2016. Por último, conforme destaca o Relatório da ABICS, o Vietnã, quando importa café do Brasil, impõe tarifa de importação de 30%. No entanto, se for para reexportação no regime de drawback não há incidência de imposto.
A ABICS é uma das instituições integrantes do Conselho Deliberativo da Política do Café – CDPC, do Minstério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA. O CDPC é composto por representantes da iniciativa privada e do governo. Pela iniciativa privada fazem parte, além da ABICS, Conselho dos Exportadores de Café do Brasil – CECAFÉ, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA, Conselho Nacional do Café – CNC, Associação Brasileira da Indústria de Café – ABIC; pelo governo, Mapa, Ministério da Fazenda – MF, Ministério das Relações Exteriores – MRE, Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços – MDIC e Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão – MPOG.
Clique aqui para ler na íntegra o Relatório do Café Solúvel do Brasil – Abril 2018
Por: Lucas Tadeu Ferreira – Embrapa Café