Os acontecimentos mais recentes, envolvendo principalmente a carne de frango exportada, deixam a sensação de que os preços ao nível do produtor, tanto do frango como do suíno e do boi, vêm desabando de forma anormal
As quedas – esclareça-se de princípio – são naturais. Podem ser observadas anualmente neste ocasião com maior ou menor ênfase, e decorrem, exclusivamente, de situações sazonais, ou seja, são o reflexo, sobretudo, do período de safra e entressafra do boi, processo que repercute no suíno e no frango.
O que foge à regra, sim, é o nível de recuo de preços observado em 2018, mais severo que o normal. Mesmo assim, a ocorrência não é nova, começou no segundo semestre de 2017. Apenas se acentuou no presente exercício.
Assim, pela curva sazonal, o preço médio de boi, suíno e frango em janeiro deste ano deveria estar cerca de 6% acima da média alcançada em 2017, decrescendo até maio. Em abril deveria retornar, aproximadamente, à média do ano passado.
No entanto, o exercício foi iniciado com preços 8 pontos percentuais abaixo da média. E essa perda apenas se agravou nos três meses seguintes: se ampliou para 10 pontos a menos em fevereiro, para 11 em março e agora, em abril (resultado preliminar) já se encontra quase 13 pontos aquém da média observada nos últimos 18 anos.
Natural, a queda tende à continuidade em maio. Porque, por exemplo, deve ocorrer aumento na oferta de boi em pé antes da chegada do Inverno. Mas, dadas as atuais condições do mercado – afetado não só pelos problemas na exportação, mas prejudicado muito mais pela deterioração no consumo interno – as reduções também tendem a se aprofundar ainda mais em relação à curva sazonal.
A readequação da produção assumida pela avicultura e pela suinocultura e o fim da safra do boi devem determinar a reversão da curva de preços a partir de junho próximo. Mas será preciso muito esforço para que ela se reaproxime da curva sazonal.
Como não há possibilidade de o consumo ser reativado (a despeito das eleições gerais – que, outrora, faziam a alegria do consumidor e do mercado), todo o esforço pela readequação permanece depositado exclusivamente nas mãos do setor produtivo.
Porém, em se tratando de suinocultura e de avicultura os esforços precisam ir muito além da simples busca pelo equilíbrio entre oferta e procura, pois, junto com o baixo consumo, os custos elevados consomem todo o fôlego de ambos os setores.