A chegada do outono trouxe consigo o início do período de seca em grande parte do Brasil. Até o fim de setembro, os pastos não encontrarão mais a oferta natural de água e luz necessárias para o seu desenvolvimento, obrigando os produtores a adotar alguma estratégia para conseguir manter o ganho de peso dos animais.
De acordo com José Carlos Ribeiro, da Boi-Saúde, antes de mais nada, é indispensável que para essa época do ano o produtor tenha alguma oferta de forragem, mesmo que precária. “Esse pasto ajudará o produtor a ter um estoque de matéria seca e economizar gastos, uma vez que a baixa oferta nesse período faz o preço desse insumo disparar”, observou. “Feito isso ele pode corrigir o déficit de nutrientes com sal proteínado e outros aditivos”.
Uma das estratégias que podem auxiliar o produtor a garantir essa oferta de pasto no período da seca é a preservação das forragens no período das águas. “O produtor pode reduzir a taxa de lotação durante a primavera/verão e vedar parte desse pasto para utilizá-lo na temporada de seca. Se ele conseguir preservar de 20 a 30%, ele conseguirá ter uma boa oferta para encarar a seca”.
Outro cuidado essencial é a taxa de lotação das propriedades. “Com a queda da qualidade do pasto, é inviável manter a taxa de lotação do período das águas. Se antes o produtor conseguia colocar até quatro cabeças por hectare, na seca uma cabeça já se torna interessante”, explicou Ribeiro,
Engorda
Entre as categorias, os animais de cria são os que mais exigem cuidado nessa época do ano. O período coincide com a época em que as vacas estão desmamando os bezerros e, em muitos casos, já estão prenhes da última estação de monta. Para essas categorias, o consultor indica que o produtor forneça de 600 a 700 g de sal proteinado por dia para manter um bom desempenho de ganho de peso.
Na fase de recria e engorda, o ideal é que o animal seja suplementado de 1 a 2 kg de sal/dia. “É uma fase bem menos exigente do que a cria, mas que também exige cuidados para que não aconteça uma grande queda de desempenho”, destacou Ribeiro.
Por fim, na terminação, o consultor destaca que é necessário que o produtor trabalhe com sal de alto consumo aliado à taxa de lotação adequada para que os animais consigam alcançar o peso desejado para o abate sem resultar em gastos acima do planejado. “Esses animais devem ser suplementados, receber de 4 a 5 kg de sal proteinado de alto desempenho por dia. O produtor também pode complementar isso com algum grão como milho ou soja”, aconselhou.
Juntamente com o sal proteinado, Ribeiro reforça que o uso de aditivos é primordial para que os animais consigam manter o ganho de peso. Entre os compostos tidos como essenciais pelo consultor estão a virginiamicina, a monensina sódica e a uréia pecuária. “Vale ressaltar que o cocho deve estar protegido para que não tenha água nesses aditivos. Caso a uréia seja molhada, ela pode intoxicar os animais”, alerta.
Sanidade
Além da engorda, outra preocupação dos produtores no período de seca é a sanidade do rebanho. Embora a ausência de chuvas e luminosidade evite a proliferação de parasitas, o período é reconhecido pelo aumento das doenças respiratórias nos animais, principalmente da pneumonia.
“É muito fácil identificar um animal com esse tipo de doença pois ele fica mais fraco, respira com dificuldade e produz mais muco pelas narinas”, explica o consultor. “Se o produtor diagnosticar um animal com a doença, ele deve afastar esse animal dos demais, monitorar o rebanho e buscar um profissional especializado”
Outro cuidado está relacionado ao consumo de plantas tóxicas e vermes. Como a oferta de pastagem é restrita nessa época do ano, os animais podem acabar ingerindo vermes e ficar doentes. “Caso tenha esse tipo de doença, o animal fica com a barriga um pouco mais alongada e com o pelo mais crespo”, explicou Ribeiro, acrescentando que para prevenir esse tipo de problema, o produtor deve fazer a vermifugação do animal e evitar que o rebanho fique em áreas onde o pasto esteja muito baixo.
Por: Alisson Freitas – Portal DBO