Destacando que a carne de frango brasileira está sendo recusada nos principais mercados internacionais, na semana passada o jornalista britânico Ashley Williams assinou matéria (publicada no site Global Meat News, também britânico) na qual afirma que o setor “sofreu outro revés após 10 remessas de frango congelado terem sido rejeitadas pelos controles de fronteira no Reino Unido, Holanda e Alemanha”
Explicou – citando como fonte da informação um executivo da Stericycle Expert Solutions–que essas rejeições ocorreram entre abril e junho de 2018, sendo que Reino Unido e Holanda devolveram quatro partidas cada um, enquanto a Alemanha devolveu duas.
Citando, ainda, que o Brasil tenta recuperar a confiança dos consumidores nos principais mercados mundiais após a divulgação da Operação Trapaça (março de 2018), Williams escreve que investigações levaram a Comissão Europeia a bloquear todas as importações de carnes avícolas brasileiras.
Falso, naturalmente. Como falsa é a afirmação de que a carne de frango brasileira está sendo recusada nos principais mercados internacionais. Aliás, especificamente em relação à União Europeia, também na semana passada outro site (AviNews) publicou que, entre meados de maio e a primeira quinzena de agosto, as rejeições de carne de frango pela União Europeia recuaram 96% em relação ao mesmo período de 2017. Ou “de mais de 150 para apenas seis”.
O AviSite também saiu em busca de dados a respeito. E, numa breve análise do Sistema de Alerta Rápido para Alimentos e Rações da União Europeia (RASFF, na sigla em inglês) encontrou, para um total de 800 alertas diversos emitidos entre 31 de maio e 3 de agosto de 2018, cerca de 170 alertas sobre salmonelas, mas envolvendo tanto alimentos de origem animal (carnes, ovos, lácteos) como os de origem vegetal.
Pois bem: desse total, apenas 40 registros (ou alertas) envolveram a carne de frango.Porém, mais de três quartos deles – exatos 80% – estiveram relacionados a carne de frango da própria União Europeia, sobretudo a produto de origem polonesa.
Ou seja: o Brasil teve rejeitadas quatro partidas (mesmo número de rejeições experimentadas pela carne de frango da Tailândia), que representaram 10% dos casos de salmonelas em carne de frango, 2,33% dos casos gerais de salmonelas e meio por cento dos 800 alertas emitidos pela União Europeia em pouco mais de 60 dias.
Em síntese, parece que a meta é tentar desbancar quem, apesar de todas as ações em contrário, permanece como o principal abastecedor do mercado internacional da carne de frango. Por isso, toda atenção é necessária.