Os futuros do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam a sessão desta terça-feira (28) com queda de mais de 250 pontos. Depois de reação recente, o mercado externo voltou a cair com nova desvalorização do real ante o dólar, fator que acaba impactando as exportações das commodities
O vencimento setembro/18 fechou o dia com queda de 260 pontos, a 99,25 cents/lb e o dezembro/18 anotou recuo de 270 pontos, a 103,05 cents/lb. Já o contrato março/19 registrou 106,40 cents/lb com 265 pontos de desvalorização e o maio/19 anotou 108,75 cents/lb com 260 pontos de perdas.
Com essa nova queda, o primeiro vencimento do mercado voltou a ficar abaixo de US$ 1 por libra-peso, mas o contrato referência ainda se mantém acima desse patamar. Depois de três sessões seguidas de alta, as cotações do arábica voltaram a sentir pressão do dólar, que disparou no dia.
No início da semana passada, também com o câmbio, o arábica testou mínimas de mais de 10 anos. “O café em Nova Iorque negociou no mais baixo patamar desde 26 de junho de 2006, quando o segundo contrato mais líquido tocou US$ 95.85 centavos por libra-peso”, explicou o analista da Comexim Estados Unidos, Rodrigo Costa.
Às 15h19, o dólar comercial subia 1,29%, cotado a R$ 4,134 na venda, com cautela diante da cena política no Brasil. A moeda estrangeira mais alta em relação ao real tende a encorajar as exportações, mas em compensação pesam sobre os preços externos da commodity, já que as transações são feitas em dólar.
“Se o cenário externo não estivesse favorável, o dólar aqui estaria ainda mais pressionado. Há muita coisa pela frente”, disse para a Reuters o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.
Do lado fundamental, poucas novidades são vistas no mercado, segundo disse em boletim o analista de mercado e vice-presidente da Price Futures Group, Jack Scoville. Os especuladores foram às compras e começam a cobrir parte da grande posição vendida que possuem. Estava frio no Brasil no fim de semana, mas não o suficiente para danificar café”.
A colheita caminha para a reta final no país e reforça as expectativas de alta produção e boa qualidade. A Safras & Mercado divulgou na quinta-feira (23) que os trabalhos atingiram 91% até o dia 21 de agosto. Levando em conta a estimativa de produção da consultoria, já foram colhidas 55,17 milhões de sacas.
“O clima predominante seco, embora levante especulações em torno do déficit hídrico, segue favorável aos trabalhos de colheita e secagem do café. No conilon, os trabalhos já se encerram. E no arábica entram na reta final, em alguns casos restando apenas a varreção”, afirma o analista da Safras Gil Carlos Barabach.
Mercado interno
O mercado brasileiro de café segue com negócios lentos neste início de semana nas praças de comercialização do país. Os tipos mais negociados registraram no dia preços estáveis ou mais baixos por conta da queda externa da variedade. O mercado também registrou baixo volume de negócios na semana passada.
“Produtores em ambos os países (Vietnã e Brasil) não estão vendendo, embora existam alguns relatos de grandes vendas no Brasil. Mas, o mercado está geralmente calmo ainda devido aos efeitos da greve dos caminhoneiros”, disse Scoville em relatório nesta terça.
Na segunda-feira (27, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 426,77 e alta de 0,30%.
Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas