Para atingir potenciais bons resultados no final da safra, é preciso que os agricultores conheçam detalhadamente todas as variáveis que podem gerar impactos na lavoura, a começar pelos processos que envolvem o plantio da cultura escolhida. Pensando nisso, existem estratégias, ferramentas e boas práticas agronômicas que não podem ser deixadas de lado para se obter um plantio eficiente.
Quando falamos em plantio direto, a dessecação antecipada é um exemplo de boa prática agronômica e uma etapa essencial do processo. Entre seus benefícios, é possível destacar o controle de pragas e de plantas daninhas, a prevenção de problemas como alelopatia, mobilização de nitrogênio e matocompetição, além de favorecer o estabelecimento inicial da cultura, tendo em vista que as culturas antecessoras, plantas daninhas e a própria cobertura podem funcionar como hospedeiras naturais para pragas residentes. Assim, o manejo antecipado constitui uma das mais importantes ferramentas do manejo integrado de pragas (MIP), prática importante na agricultura moderna que adota estratégias de menor impacto ambiental e com melhor potencial de retorno sobre os investimentos do agricultor.
É importante lembrar que o número de dias entre a dessecação e o plantio pode variar de 20 a 50 dias, conforme a cultura de cobertura e o seu estágio de desenvolvimento e as condições climáticas no período. Por conta disso, o recomendado é que sejam feitas duas dessecações: a primeira com, aproximadamente, 30 dias antes do plantio, o que evita a presença de massa verde; e a segunda logo antes da semeadura, para controlar o primeiro fluxo de plantas daninhas após a dessecação inicial.
O passo seguinte, o plantio, também exige grande atenção. Para o sucesso desta etapa, a semeadora e seus componentes devem estar em pleno funcionamento, já revisado e regulado, conforme expectativa de distribuição de sementes para o ambiente de produção daquele talhão.
Chega hora de conferir o campo: é importante verificar as condições de umidade do solo para evitar a adesão aos mecanismos da semeadora ou ao sistema limitador de profundidade. A compactação também deve ser avaliada, pois a disposição das sementes no sulco é prejudicada em solos com baixa umidade, principalmente, por conta do excesso de torrões.
No momento de semear, é importante prestar atenção na profundidade de semente – de dois a quatro centímetros para soja e de três a cinco centímetros para milho. Além disso, é necessário checar a abertura e o fechamento do sulco para evitar bolsas de ar no entorno da semente e impedir que os grãos fiquem expostos, prejudicando sua emergência. É preciso também que a semente no sulco esteja em perfeito acondicionamento para garantir, assim, a emergência uniforme das plantas.
A fase de germinação e emergência acontecem em condições favoráveis de umidade e de temperatura, que varia de 10ºC a 42ºC, já que a germinação é iniciada apenas após o grão absorver uma quantidade de água que varia de 30% a 40% de sua massa. Essa etapa pode durar de três a quinze dias. Aqui, a população de plantas ideal é ajustada por híbrido e por ambiente de produção, plantio uniforme, tratamento de sementes e, por fim, pela qualidade das sementes. Vigor e germinação são pontos cruciais que favorecem a uniformidade de estabelecimento da lavoura e ajudam a minimizar o percentual de plantas dominadas que constituem um dos principais indicativos de vigor de lavoura, e impactam diretamente no rendimento final.
O agricultor brasileiro dispõe de inúmeras ferramentas e tecnologias para auxiliá-lo no campo, porém o sucesso de sua lavoura continua a depender, em grande parte, da atenção, monitoramento e dos cuidados em cada fase do plantio. A adoção de estratégias e boas práticas agronômicas, conhecendo o ambiente de produção ao qual está inserido, poderá resultar em uma safra produtiva e potencialmente mais rentável.
Por Marcelo Segalla é líder dos agrônomos para Dekalb, Agroeste, Semente Agroceres e La Tijereta para América do Sul