As projeções da APINCO – que adota como base de cálculo o volume de pintos de corte alojados internamente, viabilidade de 96% desses pintos, abate aos 45 dias de idade e pesos médios, após o abate, de 2,440 kg para o mercado interno e os cortes exportados e de 1,350 kg para o frango inteiro exportado –indicam que em agosto passado a produção brasileira de carne de frango teve potencial para alcançar, pelo menos, 1, 090 milhão de toneladas, resultado que significa aumento de mais de 6% sobre o mês anterior e redução de cerca de 4,6% sobre o mesmo mês do ano passado
O que chama a atenção, neste caso, é o significativo aumento de um mês para o outro (mais de 6%) sem que, para isso, tenha sido registrado aumento proporcional na produção de pintos de corte. Como explicar tal índice de aumento?
Efetivamente, o incremento decorrente de um maior volume de pintos de corte correspondeu a pouco mais da metade do aumento observado na produção. A outra parte é explicada pela queda de quase 15% nas exportações de carne de frango do mês.
Neste caso, o que mais influencia o volume produzido são os “grillers”, aves de baixo peso. E, em agosto, o volume exportado de frangos inteiros (representados sobretudo por “grillers”) recuou 18% em relação a julho. Ou seja: o que não foi exportado adquiriu, naturalmente, muito maior peso, influenciando sobremaneira a produção global de agosto.
Com esta última produção, o volume acumulado entre janeiro e agosto permaneceu aquém dos 9 milhões de toneladas, o que significou queda de quase 3,3% sobre idêntico período de 2017. Porém, como já apontou o IBGE ao divulgar os resultados do primeiro semestre, é provável que essa redução tenha sido parcial ou totalmente neutralizada por uma maior produtividade dos frangos em criação.
Na tabela abaixo o gráfico à direita permite visualizar como caminhou a disponibilidade média diária de carne de frango nos últimos 20 meses (janeiro de 2017 a agosto de 2018). Nela, o que mais chama a atenção é a queda superior a 15% observada em julho de 2018 comparativamente a janeiro de 2017.
Em outras palavras, em janeiro de 2017 o volume diário produzido superou ligeiramente as 39 mil toneladas, correspondendo a um total mensal de pouco mais de 1,210 milhão de toneladas – o maior volume do período analisado. Já em julho de 2018 a produção diária não foi muito além das 33 mil toneladas diárias ou perto de 1,030 milhão de toneladas no mês.
A diferença, neste caso, é bastante significativa, pois implicou numa queda de disponibilidade diária de, aproximadamente, 6 milhões de quilos de carne de frango, fazendo com que em julho passado fosse registrada a menor produção destes últimos 18 meses. Mesmo assim, o mercado não reagiu a essa redução. Por que?
Na verdade, a queda observada em julho de 2018 não foi tão sensível – é, na verdade, apenas numérica. Existe somente como decorrência dos altíssimos números de exportação apontados pela SECEX/MDIC para aquele mês (454,5 mil toneladas, volume 97% superior ao apontado para o mês anterior, junho/18).
Está claro, aqui, que nas exportações de julho foram embutidos restos não contabilizados de junho, sistemática que influencia até o cálculo da produção global do mês. Ou seja: a produção do início do segundo semestre não foi tão baixa quanto aparenta.
De toda forma, fica bem clara a redução de produção observada nestes últimos meses.