Calculada pelo Índice Geral de Preços (IGP-DI) da Fundação Getúlio Vargas, a inflação acumulada desde a implantação do real (julho de 1994) como padrão monetário brasileiro ultrapassou em setembro a marca dos 600%. É um índice bem superior aos alcançados pelo frango vivo, milho e, sobretudo, pelo ovo nos quase 300 meses (pouco mais de 24 anos) de vigência da atual moeda
A perda mais flagrante, não há dúvida, é a do ovo. Com preços decrescentes desde a passagem do período pascal (a alta registrada em junho foi acidental, decorrente de falhas no abastecimento ocasionadas pela greve dos caminhoneiros), o produto encerrou o terceiro trimestre do presente exercício com o segundo menor valor nominal dos últimos três anos. Ou seja, de outubro de 2015 para cá, o preço médio registrado em setembro passado ficou acima, apenas, daquele alcançado em janeiro de 2018.
Mas não só isso. Pois se, desde seu lançamento, o real sofreu desvalorização de 606%, o preço alcançado pelo ovo em setembro passado equivaleu a uma valorização de apenas um terço daquele índice – exatos 202%. Com isso, registrou valor real 57% menor que o alcançado em agosto de 1994.
Com o frango a situação é menos tensa, pois, graças a um incremento de preço de mais de 8% em relação ao mês anterior, fechou setembro com uma valorização pouco superior a 440% na vigência do real. Ou seja: seu preço ainda está cerca de um quarto abaixo da inflação acumulada, mas registra evolução equivalente a mais do dobro da evolução de preço do ovo.
Nessa história, quem continua sofrendo menos é o milho. Que mesmo registrando pequeno recuo de preço no último mês, alcançou neste ano valor 44% superior ao de um ano atrás e experimenta, na era do real, valorização de 462% – acima, portanto, da valorização obtida por frango e ovo.
De toda forma vale observar que milho e frango vivo apresentaram, em setembro, quase a mesma paridade de preços registrada em agosto de 1994. Quer dizer: no tocante ao milho, o poder de compra do frango vivo foi cerca de 5% menor em setembro. Já para o ovo, o recuo anda não muito distante dos 50%. Ou seja: enquanto em 1994 uma caixa de ovos adquiria 2,5 sacas de milho, no momento adquire apenas 1,350 saca.