Baixo patamar de preço do açúcar e balanço apertado no mercado de fertilizantes têm sido os principais determinantes na menor demanda
Ao longo dos últimos meses, as relações de preço entre o açúcar VHP FOB Santos e os principais fertilizantes se mostraram mais desfavoráveis aos agricultores, tanto no comparativo anual quanto em relação à média dos últimos 3 anos, aponta INTL FCStone, em relatório. As perspectivas de que esta tendência persista nos próximos meses pode fazer com que a quantidade de adubos adquirida por usinas permaneça menor ante ao ano passado.
“O avanço das cotações dos fertilizantes e a queda dos preços do açúcar levaram a um recuo nos volumes das entregas em 2018. Em São Paulo, principal estado produtor de cana-de-açúcar do Brasil, as entregas de fertilizantes recuaram 12% em setembro e 6% em outubro, refletindo o enfraquecimento das cotações do açúcar no período. No acumulado deste ano, essa retração alcança 4,7%”, afirma a consultoria.
Sob a ótica dos fertilizantes, destaca-se um balanço mundial mais apertado, com baixos estoques e demanda aquecida, que fortaleceu os preços internacionais dos adubos. “Estes insumos já apresentavam tendência de alta ao longo do ano, devido ao encarecimento das matérias-primas utilizadas nos processos industriais de fabricação”, ressalta a analista de mercado da INTL FCStone, Gabriela Fontanari.
O avanço das cotações do gás natural, essencial para a produção de amônia, ureia e do monoamônio fosfato (MAP), para suas máximas desde 2008 em algumas regiões importadoras foi um dos principais fatores altistas para o mercado de fertilizantes. A forte demanda pela commodity energética na Ásia, usada na geração de energética elétrica durante o inverno, e a alta do petróleo sustentaram o avanço anual de 20% do MAP e 14% da ureia granular no Brasil. O avanço de 26% das cotações do Cloreto de Potássio (KCL) decorreu dos cortes de produção e demanda firme.
Este cenário foi reforçado pelas movimentações do açúcar no mercado internacional. “O contrato contínuo do #11 atingiu as mínimas de 10 anos no fim de setembro na ICE/NY, pressionado por fatores técnicos, pelo contexto de forte depreciação do real ante ao dólar e, por fim, pela implementação dos subsídios à exportação do produto pelo governo da Índia. Justamente neste período, a relação de troca entre o VHP FOB Santos e os principais adubos atingiu seu ápice”, aponta o analista de inteligência de mercado da INTL FCStone, Matheus Costa .
Inicialmente, as expectativas quanto aos preços do açúcar são relativamente incertas. “Além de fatores técnicos e macroeconômicos, as cotações da commodity podem ser impactadas pela redução nas perspectivas produtivas de 2018/19 em importantes players globais”, sugere Costa.
Contudo, segundo estimativas da INTL FCStone, o contexto de superávit global pode persistir no recém-iniciado ciclo internacional. “Apesar das incertezas acerca do rumo das cotações do açúcar, é preciso se atentar ao fato de que as perspectivas para os fertilizantes ao longo dos próximos meses são, em grande parte, altistas”, avalia a analista Gabriela.
A demanda por esta classe de insumos tende a continuar elevada, com a perspectiva de safras maiores nos principais países produtores de grãos – a exemplo do possível avanço da área de milho sobre extensões previamente dedicadas à soja nos Estados Unidos.
Espera-se que o mercado de gás natural ainda apresente oferta mais restrita e demanda aquecida, fazendo com que os custos de produção dos adubos nitrogenados e fosfatados mantenham o alto patamar de preços nos próximos meses.
Por INTL FCStone