Levantamento recém-concluído pela multinacional holandesa DSM, empresa que detém 30% do mercado brasileiro de sal mineral para bovinos, mostrou que o número de bois engordados nos confinamentos do país alcançou em torno de 5 milhões neste ano
Para acelerar os ganhos de produtividade, permitindo a ampliação da produção de carne bovina ao mesmo tempo em que cedem áreas de pastagens para a agricultura, os pecuaristas intensificaram o uso de grãos na alimentação do gado em ritmo mais acelerado que o previsto.
Levantamento recém-concluído pela multinacional holandesa DSM, empresa que detém 30% do mercado brasileiro de sal mineral para bovinos, mostrou que o número de bois engordados nos confinamentos do país alcançou em torno de 5 milhões neste ano.
A partir de entrevistas com 3 mil pecuaristas, a DSM estimou que 4,987 milhões de cabeças de bovinos foram “terminados” em confinamentos. Ou seja, passaram a última fase do processo de engorda – do boi magro até o animal pronto para o abate – no sistema intensivo. Na comparação com 2017, quando 4,850 milhões de bovinos foram confinados, o crescimento foi de 3%.
O levantamento, uma espécie de “censo” da pecuária intensiva no país, animou Marcos Baruselli, gerente de confinamento da DSM. Em entrevista concedida ao Valor em julho, o executivo estava mais conservador, estimando que os confinamentos do país atingiram a marca dos 5 milhões em 2020.
“Surpreendeu bastante. O que está acontecendo é uma intensificação muito forte da pecuária. O produtor rural está vendo que, se ele não produzir mais arrobas por animal, perde competitividade, e a pecuária passa a não ser tão atrativa”, afirmou Baruselli. Para aumentar a velocidade da criação de bovinos, a dieta com grãos do confinamento é a grande opção.
Mas o confinamento tradicional não é a única forma de alimentar o gado com grãos. Nos últimos anos, os pecuaristas passaram a utilizar um modelo conhecido como “confinamento a pasto”. Nesse modelo, os bois recebem uma dieta de grãos (milho e farelo de soja) muito semelhante à da estrutura dos confinamentos, onde os animais ficam lotados em um espaço reduzido, mas em cochos distribuídos na área de pastagem. Esse modelo, que é mais barato por não envolver investimentos na construção da estrutura do confinamento, avançou sobretudo em Mato Grosso, o maior Estado produtor de grãos.
Conforme as estimativas da DSM, outros 5 milhões de bois são alimentados, em maior ou menor medida, com grãos em modelos semelhantes ao “confinamento a pasto”. Somados à atividade intensiva tradicional, são cerca de 10 milhões de bois abatidos por ano no Brasil criados de forma intensiva. Não é um número irrelevante, especialmente porque a criação de gado em fazendas extensas e pouco produtivas sempre foi uma característica da pecuária no país.
Considerando as 10 milhões de cabeças, cerca de um terço do gado abatido no Brasil consome grãos, segundo Baruselli. Em 2017, os frigoríficos com algum tipo de inspeção (federal, estadual ou municipal) abateram 30,8 milhões de animais, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O movimento de intensificação da pecuária deve continuar ao longo dos próximos anos, projeta o executivo da DSM. Segundo ele, é possível que em 2025 cerca de 10 milhões de bovinos sejam engordadas apenas no confinamento tradicional. Se as outras estratégias intensivas (como o confinamento a pasto) forem consideradas na conta, é “provável” que metade do gado abatido no Brasil seja alimentado com grãos, afirmou Baruselli.
Para os pecuaristas brasileiros, o movimento representa um ganho de produtividade, mas também impõe desafios. Isso porque a produção de gado bovino estará mais vinculada ao preço dos grãos. Em períodos de quebra de safra, o setor poderá sofrer mais.
Fonte: BeefPoint