Com o plantio da safra 2018/19 de soja finalizado no Brasil, as atenções seguem concentradas na onda de tempo quente e seco que ameaça a produtividade das lavouras semeadas mais cedo e que atravessam a fase de enchimento de grãos agora em dezembro.
Os estados mais afetados, conforme alerta feito já no início deste mês pela AgRural, são Paraná e Mato Grosso do Sul, que nesta semana continuaram castigados pelo calor e receberam chuvas insuficientes e com distribuição muito irregular.
Presente de Natal chega tarde para algumas lavouras
A esperança dos produtores é de que as boas chuvas previstas para a semana do Natal coloquem freio às perdas nas áreas menos adiantadas, que ainda têm chance de recuperação. Lavouras semeadas mais cedo e que estão em fase final de enchimento de grãos, porém, já têm danos irreversíveis nos dois estados. O impacto desses danos sobre a produtividade, porém, só poderá ser mensurado em janeiro, após as chuvas previstas para o fim de 2018.
Temor no sul de Mato Grosso
A novidade desta semana é que a combinação de tempo quente e seco aumentou o temor de perdas em outros estados, com destaque para o sul de Mato Grosso, onde algumas áreas não recebem chuva já há 15 dias. Também existe preocupação em torno das lavouras mais tardias de outras regiões do estado, inclusive no oeste e no médio-norte, que já registraram colheita de áreas pontuais nesta semana, mas cuja soja semeada mais tarde ainda precisa de umidade para render bem.
A boa notícia é que os mapas de previsão mostram chuva em Mato Grosso, com os maiores volumes concentrados na virada do ano. A torcida dos produtores é para que essas chuvas caiam num padrão que não atrapalhe a colheita e que, ao mesmo tempo, favoreça as lavouras que ainda precisam de água.
Outras áreas
Outros pontos do país também sentem os efeitos negativos do calor e da falta de chuva. Mas a preocupação ainda não é tão grande porque, dependendo do caso, ou as lavouras ainda estão em desenvolvimento vegetativo ou início de floração, ou o solo ainda possui boas reservas hídricas ou há volumes significativos de chuva previstos para as próximas duas semanas.
Primeira safra de milho e revisão de números
No caso do milho verão, lavouras do Sul do Brasil que tinham excelentes condições no fim de novembro têm sofrido com o calor e a escassez de chuvas e apresentam perda de potencial, especialmente no Paraná. A AgRural revisará sua estimativa de safra para o milho verão e a soja em meados de janeiro. Em estimativa divulgada em 30/nov, a produção do cereal e da oleaginosa na safra 2018/19 do Brasil foi projetada respectivamente em 27,2 milhões e 121,4 milhões de toneladas.
Por Fernando Muraro, Adriano Gomes, Alaíde Ziemmer e Daniele Siqueira/ AgRural