A procura foi maior pelos prêmios para o apoio à venda do cereal por meio da equalização de preços
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realizou nesta sexta-feira (24/2) mais dois leilões para apoiar a comercialização do trigo e escoar o excesso de produção, a fim de garantir aos produtores pelo menos o recebimento do preço mínimo de garantia estabelecido pelo governo federal, que é de R$ 644 por tonelada.
Somando nos leilões de hoje o governo vai desembolsar R$ 176 milhões em subsídios para escoamento de 945 mil toneladas de trigo, bem próximo ao volume de excedente estimado no Rio Grande do Sul, mas mesmo assim o preço do cereal não reagiu. Nesta semana as propostas de compra aos produtores gaúchos é de R$ 471 por tonelada.
No leilão de apoio a venda do trigo, por meio da equalização de preços (Pepro), o governo ofertou prêmios para 80 mil toneladas, mas só houve interesse por 15 mil toneladas, que foram arrematadas pelo valor inicial do subsídio de R$ 183,8 por toneladas.
No leilão de subvenção à compra do produto (PEP) houve interesse por 15 mil toneladas no Paraná (30% do ofertado) e por 43,86 mil toneladas no Rio Grande do Sul (36,5%). No geral, das 80 mil toneladas de PEP foram arrematados prêmios para 15 mil (18,75%) e das 170 mil de Pepro houve interesse por 59.869 toneladas (34,6%). Nos dois casos, o cereal só pode ser comercializado para fora da região Centro-Sul.
Nos leilões realizados desde dezembro do ano passado o governo ofertou apoio para escoamento de 2 milhões de toneladas e foram arrematados prêmios para 945,2 mil toneladas (58,8%). O maior volume tem sido de prêmio de equalização, com oferta de 1,416 milhão de toneladas e arremate de 833 mil toneladas (58,8%). No PEP foram ofertadas 592 mil toneladas e arrematadas 111,5 mil toneladas (18,8%).
O baixo interesse pelos prêmios de escoamento (PEP) se deve aos entraves dos moinhos do Norte para compra do cereal, por conta de impostos e exigência da cabotagem, o que torna mais viável a compra do cereal argentino.
Outro fator que contribui para pressionar os preços é a forte importação do cereal pelos moinhos brasileiros, favorecidos pela queda da cotação no mercado internacional, justamente numa safra em que a produção nacional atingiu recorde de 6,726 milhões de toneladas, pouco abaixo do que foi importado no ano passado (6,8 milhões de toneladas). A importação cresceu 33% em volume e 10% em valor (US$ 1,33 bilhão), enquanto o preço recuou 17% para US$ 194 por toneladas, o menor dos últimos dez anos.
Mesmo com o excedente no mercado interno, os moinhos não tiraram o pé do acelerador. As importações em janeiro atingiram 593 mil toneladas, volume 57% superior ao mesmo mês do ano passado. O desembolso cresceu 38% para somou US$ 105 milhões. O preço médio foi de US$ 177 por tonelada.
Na semana passada o governo publicou uma portaria interministerial elevando de R$ 150 milhões para R$ 250 milhões os recursos para sustentação dos preços do trigo, o que garante a continuidade dos leilões.
Fonte: Globo Rural