Especialista dá orientações sobre como escolher cultivares, tratamentos caseiros e industriais
O potencial produtivo da lavoura é decidido no início do plantio, com cuidados que começam no trato com o solo e na escolha das sementes. Para difundir esse propósito, a agrônoma Fernanda Falcão, gerente técnica da Sementes Falcão, orienta que no momento de escolher as sementes de soja, o produtor deve considerar características que garantam a qualidade e por último o preço.
Segundo a agrônoma, um dos principais erros que o agricultor comete é deixar a base da agronomia de lado. Ela afirma que todos adoram ver máquinas modernas e com tecnologia, mas esquecem do solo e da semente. “Acho que essa é a chave do início de uma lavoura para conseguir ter um teto produtivo alto”, diz Fernanda. “O que a gente busca não é só saca por hectare, a gente busca reais por hectare e é isso que vai fazer eu me manter na atividade ou não.”
1 – Como cuidar do solo e escolher a cultivar
O trabalho começa bem antes do plantio e Fernanda reforça a necessidade de dar atenção para a base do sistema produtivo, que é o solo. É indicado fazer uma boa análise da área para garantir que a terra receba os nutrientes necessários. “Não adianta investir em agricultura de precisão e ter erosão no solo”, diz a agrônoma.
O produtor tem à disposição uma extensa variedade de sementes no mercado. A dica na hora de decidir por uma cultivar é pesquisar e, se possível, testar diferentes cultivares. “Procure escolher a melhor cultivar, com a melhor genética e adaptada para a sua região”, diz Fernanda. Características como pureza e vigor são fundamentais para a qualidade do plantio.
2 – Tratamento caseiro de sementes ou tratamento industrial?
O tratamento caseiro de sementes, também conhecido como “on farm”, ainda existe nas propriedades brasileiras, mas está diminuindo, segundo Fernanda. “Não tem comparação com o tratamento de semente industrial. O produtor trata no solo, numa condição que não é adequada. E tem o risco de contaminação das pessoas que estão trabalhando”. No caso do tratamento industrial, esse risco é mínimo, porque é realizado com uma máquina adequada e o produto é aplicado na quantidade certa por unidade de semente, segundo a agrônoma.
Para o agricultor, é uma vantagem não se envolve no processo de tratamento. Neste caso , ele recebe sementes já tratada, em big bag ou sacas, prontas para o plantio. Segundo Fernanda, a semente tratada tem um bom custo benefício. “Se ele fizer a contra de todo o trabalho que tem, o quanto gasta, e o risco que está correndo por tratar a semente na fazenda com máquinas antigas, esse custo acaba sendo maior”, afirma. Para ela, a partir do momento que um insumo custa mais, mas traz benefícios, isso não pode ser visto como custo, mas sim como investimento. “Não só em relação ao tratamento, mas também na escolha de fungicida, inseticida, tudo que me trouxer benefício compensa. É esse tipo de conta que temos que fazer para entender como é todo negócio e ter uma rentabilidade cada vez maior”, diz a agrônoma.
3 – Semente pirata causa problemas
Apesar das campanhas e esforços dos setores do agronegócio, o volume de sementes piratas comercializadas no Brasil ainda é muito grande. Segundo Fernanda, a taxa de uso de sementes piratas foi de 32% no Rio Grande do Sul neste ano. Para uma agricultura de qualidade, a semente pirata nunca é uma boa opção. “O agricultor precisa entender que a semente é o único insumo vivo da lavoura dele. Se não tiver uma semente com alto vigor, ele está perdendo potencial produtivo e poderia colher 60 ou 70 sacas por hectare, mas continua colhendo as 50 sacas por hectare”, afirma Fernanda.
4 – É preciso buscar mais eficiência
Ainda segundo a agrônoma, a produtividade média de soja no Rio Grande do Sul estagnou nos últimos anos e não tem passado de 50 sacas por hectare. “Vai ficar inviável continuar colhendo essa quantidade com os custos de produção que a gente tem”, afirma Fernanda. “Tem que ser o mais eficiente possível, a gente tem que buscar fazer da melhor maneira. As vezes a gente acaba olhando para o macro e esquece dos detalhes. O grande diferencial que os agricultores vão ter é fazendo esses detalhes bem feitos”, diz.
5 – Assistência técnica é fundamental
A profissionalização dos técnicos agrônomos é cada vez mais importante para que o produtor rural consiga realizar um bom planejamento na sua propriedade e atingir os resultados produtivos esperados. Para dar escolher as melhores sementes, produtos e definir o processo de semeadura, é fundamental que o produtor busque a melhor assistência. “A gente vive numa empresa a céu aberto e, por mais que faça um planejamento, você nunca sabe o que vai acontecer com o clima daqui a 15 dias. Tem uma previsão, mas nem sempre isso acontece. Por isso, você tem que estar com a base estabelecida para continuar na atividade”, afirma Fernanda.
Fonte: SFAgro