Por Scot Consultoria
Mercado do boi gordo em processo de ajustamento, após as confusões policiais e tributárias das últimas semanas.
Prova deste ajuste é o retorno gradual dos preços em algumas regiões. No entanto, deve-se destacar que ainda existe pressão baixista em certas praças.
Em São Paulo, ainda existe volume considerável de ofertas de compra abaixo da referência, mas sem sucesso na negociação.
A boa notícia foi a recuperação nos preços da carne bovina com osso no mercado atacadista. A carcaça de bovinos inteiros e castrados está cotada em R$ 9,00/kg e R$ 9,50/kg, respectivamente.
Para o curto prazo, a resposta dos preços da carne frente ao enxugamento das escalas de abate (atendem de dois a três dias na maioria dos casos), será o principal fator determinante do rumo do mercado do boi.
Suíno vivo: Demanda pressiona preços na semana
Por Larissa Albuquerque
As cotações do suíno vivo seguem pressionadas no Brasil. Resultado de uma soma de fatores, a procura por animais enfraqueceu nos últimos dias, interrompendo o movimento de alta no primeiro trimestre no ano.
De acordo com o analista de Safras & Mercado, Allan Maia, a demanda segue enfraquecida e, com isso, os frigoríficos seguem tentando evitar uma grande formação de estoques. “Por conta dos desdobramentos da Operação Carne Fraca o mercado segue muito especulado e sem grandes espaços para uma recuperação”, sinaliza.
O levantamento de preço realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, houve desvalorização em cinco praças. O maior recuo ocorreu em Santa Catarina, onde o bolsa fechou com preço em aberto por duas semanas consecutivas, encerrando a R$ 3,70/kg no fechamento desta segunda (3).
O setor, que já enfrentava dificuldades pela segunda quinzena de março e o período da quaresma, se deparou com a operação Carne Fraca, da Policia Federal, denunciando irregularidades em frigoríficos.
Segundo a APCS (Associação Paulista dos Criadores de Suínos) o mercado ainda demonstra “sinais de especulação e fortes desinformações entre os elos da cadeia”.
Mas, apesar dos compradores aproveitarem do momento para enxugar estoques e promover a queda nos preços, na visão do presidente da ACSURS (Associação dos Criadores de Suínos do Estado), Valdecir Folador, o setor vai passar praticamente “ileso, apenas com pequenos arranhões”.
Desde a operação a preço do suíno vivo no estado perdeu de R$ 0,20 a R$ 0,30 por quilo. Contudo, as quedas nos custos de produção superam o recuo nos preços, mantendo rentabilidade na atividade. “Dentro de mais duas a três semanas o setor irá se recuperar, com os preços corrigindo, mesmo porque a oferta e demanda está bastante ajustada”, projeto Folador.
Para o presidente da ACCS (Associação Catarinense de Criadores de Suínos), o cenário de preços será mais favorável após o período de Quaresma.
Exportações
Segundo levantamentos da Associação Brasileira de Proteína Animal, as exportações de carne suína in natura tiveram retração de 3,4% no desempenho do setor em março em relação ao terceiro mês de 2016, com total de 54,8 mil toneladas (contra 56,7 mil toneladas no ano passado).
Já em receita, houve crescimento de 39,5%, com US$ 138,3 milhões neste ano (frente a US$ 99,1 milhões no ano anterior). A receita em reais obtida com os embarques, inclusive, foi a maior desde novembro do ano passado, quando o montante foi recorde, considerando-se a série da Secex.
Frango vivo: Preços caem, mas poder de compra melhora
Por Larissa Albuquerque
Os preços do frango vivo não apresentaram evolução positiva nos preços está semana. Em praticamente todas as praças de comercialização o cenário foi de perda de valor do animal vivo.
Nem mesmo o início do mês com o pagamento dos salários conseguiu modificar a dinâmica do mercado. Na visão do analista, Fernando Iglesias, da Safras & Mercado, esse cenário deve permanecer nas próximas semanas.
O levantamento de preço realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, cinco praças registraram queda de R$ 0,05 no preço de animal vivo. Percentualmente, a maior perda ocorreu no Paraná, onde a cotação saiu de R$ 2,30 para R$ 2,25/kg. (Confira o gráfico).
No mercado interno os frigoríficos ainda adotam a postura de cautela, realizando ajustes produtivos, para não haver excedente de oferta neste momento delicado para a demanda.“Algumas unidades permanecem em férias coletivas e a situação tende a retornar a normalidade apenas no médio prazo”, diz Iglesias.
Segundo Apinco, em fevereiro, foram produzidos 494,4 milhões de pintos de corte, volume 8,17% inferior as 538,4 milhões de cabeças de um ano atrás. Assim, o volume acumulado no primeiro bimestre de 2017, registrou queda nominal de 6,26%, com total de 1,030 bilhão de pintos de corte.
Para março, a expectativa é de novamente redução no volume produzido. Mas, esse movimento não está diretamente relacionado às repercussões negativas a respeito da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal. Neste caso, a indústria estava atenta aos extensos feriados de abril, que podem resultar em menor consumo.
Contudo, daqui para frente não é impossível descartar novos recuos da produção de pintos de corte, refletindo a cautela do setor visto as semanas de paralisações de abate.
Margem
Mas, apesar do cenário pouco animador dos preços, os avicultores contam com a melhora no poder de compra. Segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), as fortes quedas do milho e farelo de soja, levou o setor a encerrar março com a melhor relação de troca desde novembro de 2015.
“No dia 31, o produtor de aves paulista pôde adquirir 5,2 quilos do cereal ou 2,73 quilos do derivado da oleaginosa, em média, com a venda de um quilo do animal, os maiores volumes desde 30 de novembro de 2015 e respectivos aumentos de 13,9% e 1,6% no acumulado do mês”, comunicou o Centro.
Enquanto o frango vivo na Grande São Paulo se desvalorizou 4,6% no balanço de março, o milho e o farelo tiveram baixas acumuladas de 16,2% e de 6,1% em Campinas (SP).
Exportações
Segundos dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), as vendas externas de carne de frango ‘in natura’ totalizaram 343 mil de toneladas, contra 301 milhões em fevereiro. Na média diária o desempenho ficou 10,7% menor no período. Em março tivemos 23 dias úteis, contra 18 em fevereiro.
O levantamento da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) também apontou que os embarques fecharam abaixo do mesmo período do ano passado. Na carne de frango (considerando todos os produtos, entre in natura, embutidos e outros processados) a queda foi de 4,1% em março, frente ao mesmo período de 2016.
Para o presidente da Associação, Francisco Turra, “a queda nos volumes embarcados decorreu, dentre outros motivos, da retração das vendas para mercados que determinaram embargos às importações na semana seguinte à deflagração da Operação Carne Fraca”, disse em nota.
Segundo apuração, a China – maior comprador – reduziu os embarques em 30% em relação ao mesmo período do ano passado. Já Hong Kong importou 12% a menos.