A estimativa para a moagem de cana-de-açúcar é de 588 milhões de toneladas
A consultoria INTL FCStone diminuiu sua estimativa para a moagem de cana-de-açúcar na safra 2017/2018 no Centro-Sul do Brasil, principal região produtora do mundo, para 588 milhões de toneladas, 3,1% menos na comparação com 2016/2017 e 0,1% abaixo da projeção de fevereiro. Conforme a consultoria, a revisão para baixo leva em conta a produtividade agrícola 3,3% menor, resultado do envelhecimento dos canaviais após anos de renovação aquém do ideal e estagnação da área plantada. “A menor quantidade de cana bisada, que normalmente apresenta produtividade agrícola elevada, também deve contribuir para a redução no rendimento médio”, acrescentou o analista João Paulo Botelho, em nota, referindo-se à matéria-prima que sobra no campo de um ano para o outro.
O nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) esperado pela INTL FCSTone em 2017/2018 é de 134,3 kg por tonelada, 1% acima da temporada passada. A consultoria ressalta que, se o inverno for mais chuvoso do que o normal, o que tem maior probabilidade de ocorrência em anos com formação de El Niño, é possível que essa concentração de sacarose seja prejudicada. A previsão é de uma oferta total de ATR de 79 milhões de toneladas, 2,2% de redução no comparativo anual e 99 mil toneladas a menos do que era aguardado em fevereiro.
A INTL FCStone estima, ainda, mix açucareiro de 47,3%, 1 ponto porcentual acima do observado na safra passada, mas 0,2 ponto porcentual abaixo da estimativa anterior. Com isso, a produção de açúcar deve totalizar 35,6 milhões de toneladas, estável frente ao ciclo anterior 2016/2017, encerrado oficialmente em 31 de março passado.
“As usinas continuam favorecendo o açúcar em detrimento do etanol por causa da maior remuneração obtida com a venda externa do adoçante em relação ao mercado doméstico do biocombustível. Além disso, muitas empresas investiram em aumento da capacidade de cristalização, incrementando assim a flexibilidade de suas operações”, destacou a consultoria.
Quanto ao etanol, a produção de anidro deve atingir 10,9 bilhões de litros, 2,3% superior à safra passada e 2,6% a mais do que o estimado em fevereiro. “Caso o governo brasileiro decida pela tributação do etanol importado, o que esteve na pauta de discussões ao longo dos últimos meses, é possível que a participação do aditivo na produção alcooleira aumente ainda mais, em detrimento do hidratado”, afirmou Botelho.
Em relação à produção do hidratado, a INTL FCStone estima que o volume pode ficar em 13,5 bilhões de litros, recuo de 10,2% em relação ao ciclo 2016/17 e 1,6% abaixo do estimado em fevereiro. “Além dos maiores incentivos para a produção de anidro, o hidratado vem sofrendo com a baixa competitividade nos postos diante da gasolina, cujas cotações vêm sendo pressionadas pelo cenário baixista no mercado internacional de petróleo. Em contrapartida, caso a remuneração obtida na produção de açúcar continue em declínio, parte das usinas pode mudar o mix a favor da produção dessa variedade no decorrer da safra”, concluiu a consultoria.
Fonte: Revista Globo Rural