O primeiro trimestre de 2017 foi marcado pelo aumento nas exportações e queda nas importações de lácteos
Segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), o desempenho das vendas externas do setor superou em 12,7% o mesmo período do ano passado. A receita totalizou US$ 38,9 milhões frente a US$ 34,6 milhões, no ano anterior.
De acordo com o órgão federal, no primeiro trimestre do ano passado, o destaque entre os produtos exportados foi o leite em pó integral, com 54%, enquanto no mesmo período de 2017 foi o leite condensado, com 43%.
Todos os produtos da pauta de exportação brasileira de lácteos registraram um desempenho melhor neste ano, na mesma comparação (exceto o soro), especialmente os queijos e o leite modificado.
Os principais mercados dos queijos brasileiros foram Rússia (US$ 1.125 mil), Chile (US$ 856,4 mil), Argentina (US$ 825,3 mil) e Taiwan (US$ 587 mil), com 78% do total.
Segundo Marcelo Martins, diretor-executivo da Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos), a diversificação de mercados e de produtos exportados são metas do setor que deverão ser fortalecidas nos próximos anos.
“Esperamos que o avanço do projeto Apex (da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex-Brasil), nesse sentido, contribua para incrementar as exportações”, prevê Martins.
IMPORTAÇÕES EM QUEDA
A tendência de queda nas importações de lácteos, observada desde o final do ano passado, continua, em 2017, mesmo havendo um leve aumento em relação ao início de 2016. Conforme o MDIC, em março, as compras externas desse segmento somaram US$ 52 milhões, enquanto em fevereiro foram US$ 53,5 milhões, e, em janeiro, US$ 58,8 milhões.
“A redução das importações de lácteos só encontra duas possíveis explicações: preço internacional mais elevado e diminuição de demanda interna”, resume Alberto Werneck de Figueiredo, diretor da Sociedade Nacional de Agricultura e representante da SNA na Câmara Setorial do Leite e Derivados do Mapa.
No primeiro trimestre do ano, os gastos com as importações de lácteos somaram US$ 164 milhões, sendo 68% referente à compra de leite em pó, com gastos de US$ 111,8 milhões, correspondentes a 35,4 mil toneladas.
Os principais fornecedores de leite em pó foram os países do Mercosul, com 32,1 mil toneladas (12,9 mil toneladas da Argentina, 18,8 mil toneladas do Uruguai e 400 toneladas do Paraguai).
Além do leite em pó, outros produtos que se destacaram entre os importados foram os queijos, que demandaram US$ 33,6 milhões, referentes a 7,9 mil toneladas.
PRODUÇÃO CAI E PREÇO AUMENTA
Em abril, houve queda na produção de leite no Sudeste e no Centro-Oeste, enquanto o preço médio ao produtor voltou a subir. Levantamento da Scot Consultoria indica que os produtores receberam, em média, R$ 1,154 pelo litro do leite entregue em março, um aumento de 1,63% na comparação com o mês anterior.
Analista da Scot Consultoria, a zootecnista Juliana Pila ressalta que, no mês passado, o mercado do leite registrou o terceiro mês consecutivo de alta para o produtor, porém, a intensidade do reajuste foi menor que no pagamento anterior.
“A produção de leite em queda, com a entressafra no Brasil Central e na Região Sudeste, dá sustentação às cotações em São Paulo, Minas Gerais e Goiás, mesmo em um ambiente de demanda patinando”, analisa.
Conforme a especialista, é importante destacar que, na região Sul do país, a captação deu sinais de recuperação, o que deverá interferir no mercado em âmbito nacional. Além da recuperação da produção de leite naquela localidade, Juliana salienta que as importações de produtos lácteos em alta e a demanda interna ruim são pontos que merecem atenção, em curto e médio prazos, “já que podem limitar as altas de preços do leite para o produtor nesta entressafra”.
MERCADO RETRAÍDO
“Segundo depoimento do presidente da Cooperativa Agropecuária de Barra Mansa, Cláudio Meirelles, o mercado está muito retraído, dificultando as vendas”, relata Figueiredo, diretor da SNA.
Para ele, talvez seja necessária uma melhor avaliação das causas da queda do consumo interno, “mas, ao que tudo indica, parece que a crise está atingindo a capacidade de compra das famílias, inclusive para os itens básicos, como é o caso do leite”.
Ainda de acordo com o diretor da SNA, “os produtores enfrentam um momento de adaptação às condições do mercado, o que elimina o grupo que se situa entre os produtores familiares e as empresas estruturadas, por terem dificuldade de obter resultados positivos, por conta da relação desfavorável entre receitas e custos fixos”.
MAIORES LATICÍNIOS DO BRASIL
O volume de leite captado pelos 15 maiores laticínios do país totalizou 9,67 bilhões de litros, em 2016, o que representa uma queda de 1,9% em relação o ano anterior. Os números foram divulgados pela Associação Leite Brasil, com base em um levantamento realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (CBCL), Organização das Cooperativas Brasileira (OCB), Viva Lácteos, Embrapa Gado de Leite e o G-100 (Associação Brasileira das Pequenas e Médias Cooperativas e Empresas de Laticínios).
De acordo com essas entidades, o cenário reflete a queda na produção no país e também os resultados econômicos ruins para pecuária leiteira, devido ao aumento do custo de produção registrado no ano passado e ao estreitamento da margem do produtor, que reduziu os investimentos na atividade.
A capacidade instalada estimada de processamento de leite desses 15 laticínios é de 16,11 bilhões de litros ao ano, o que representa uma ociosidade de 40,0%, superior à de 2015, que foi de 37,9%.
A Nestlé continuou na primeira posição do ranking, com 1,69 bilhão de litros captados, queda de 4,4% em relação ao ano anterior. A seguir, veio a francesa Lactalis do Brasil, com 1,62 bilhão de litros captados, aumento de 1,9%, na mesma análise.
A CCPR/Itambé e o Laticínio Bela Vista mantiveram-se, respectivamente no terceiro e quarto lugares, seguidos, em quinto, pelo laticínio resultante da junção das cooperativas Castrolanda, Frísia e Capal, que captou 968,75 milhões de litros em 2016, um crescimento de 11,2% em relação ao ano anterior.
Fonte: SNA/SP