Opções para o Sul do Brasil, a aveia preta, trigo e azevém têm potencial de triplicar a produtividade das vacas que permanecem no pasto durante a seca
No inverno, a oferta de pasto diminui e para não ficar à mercê da escassez de alimento, o produtor, especialmente da região Sul, têm uma opção à mão: o plantio de forrageiras. “Seja a aveia preta, azevém ou trigo, as forrageiras recobrem o solo e têm potencial de aumentar a produtividade dos animais no período seco”, afirma Renato Serena Fontaneli, pesquisador da Embrapa Trigo.
Estudioso dos sistemas integrados, ele vê na combinação da lavoura e pecuária uma oportunidade que pode triplicar a produção de vacas leiteiras no inverno, saltando de 10L/vaca/dia, média no Estado, para até 30L/vaca/dia, com suplementação proteica e dieta a pasto. Veja algumas alternativas de forragem:
Aveia preta – Forrageira anual de inverno mais usada para pastejo no Sul do Brasil, a aveia preta geralmente é plantada em consórcio com leguminosas ou com o azevém de março a abril. “Com com possibilidade de cultivo em plantio direto, logo após a soja, pode ser pastejada, fornecida no cocho, e também é uma opção para produzir feno ou silagem”, diz Fontaneli.
Para atingir o máximo aproveitamento durante o pastejo, atenção deve ser dada ao seu potencial nutritivo. De seis a oito semanas após a emergência da aveia, as plantas devem ter de 25 a 30 cm, sendo recomendado que amostras a 5, 6 ou 7 cm do solo apresentem de 700 a 1.500 kg/ha de massa seca acumulada. Feito o ingresso na hora certo no pasto, as plantas devem ser pastejadas até a altura máxima de aproximadamente 7 cm, o que garante uma rebrota vigorosa.
Azevém – Bem quisto pelos produtores, em função do seu alto valor nutritivo, o azevém também é muito usado, especialmente no Rio Grande do Sul. Segundo Fontaneli, pode servir para pastoreio, fornecimento no cocho, fabricação silagem pré-secada e fenação. “Apesar de apresentar desenvolvimento inicial lento, o azevém chega a produzir, até setembro, maior quantidade de forragem do que outras espécies de inverno”, afirma. Semeado de março a junho, ele é comumente consorciado com a aveia preta e o centeio.
Caracteriza-se também por ser uma gramínea tolerante ao pisoteio, que permite o pastejo por até cinco meses, a partir de agosto, sempre e quando a carga animal estiver ajustada à disponibilidade de alimento. Outro dado importante é que descansos de quatro a seis semanas para o pasto são essenciais para aumentar sua produtividade de matéria seca.
Trigo – Usado para a produção de farinha, o trigo ganhou novas cultivares nos últimos anos e hoje tem período vegetativo mais longo, o que abre espaço para que cumpra dois diferentes propósitos. O primeiro deles, segundo Fontaneli, é o pastejo, que acontece geralmente de maio a agosto, sendo o segundo a produção de grãos, já no rebrote. Cultivares mais recentes, a BRS Figueira, BRS Umbu, BRS Tarumã, BRS Guatambu e BRS 277 têm sido usadas para essas finalidades. “Costumamos chamar essas variedades de trigo flex, justamente pela característica de duplo propósito”, comenta o pesquisador.
Assim como no caso do trigo convencional, a recomendação é que o trigo flex seja adubado. “A diferença é que o ideal é fracionar a dose de adubo nitrogenado, de acordo com o número de cortes ou pastejos”, informa o pesquisador. Para reposição de cada 1.000 kg de matéria seca/ha, deve-se adicionar de 25 a 30 kg de N/ha (à exceção de solos com mais de 5% de matéria orgânica). A semeadura acontece em plantio direto.
O trigo de duplo-propósito pode começar a ser pastejado ou cortado quando as plantas atingem mais de 20 cm de altura, cerca de 42 a 70 dias após a sua emergência. A partir daí, o segundo corte ou pastejo pode levar entre 28 e 35 dias para ser feito. O limite para pastejo deve respeitar a altura de 5 a 7 cm para haver rebrote.
Fonte: Portal DBO