Cuidados na aplicação evitam lesões no local de vacinação e acidentes durante o manejo
Além do uso de tecnologias, a adoção de boas práticas é fundamental para o sucesso das atividades na agricultura e pecuária. No caso de bovinos, as boas práticas de vacinação têm como principal finalidade prevenir a ocorrência e a disseminação de doenças. Além de promover o bem-estar animal, a vacinação minimiza os prejuízos econômicos provocados pelas doenças, como perdas na produção e reprodução, tanto em gado de corte quanto de leite.
A pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, Vanessa Felipe de Souza, explica que é necessário associar o uso de produtos confiáveis e os cuidados na aplicação, com boas condições de saúde para que o animal possa desenvolver uma resposta imune satisfatória.
Ela acrescenta que a maioria dos problemas relacionados à vacinação ocorrem durante a aplicação, que resultam em lesões no local de aplicação e acidentes durante o manejo, que podem levar à redução de rendimento da carcaça pela remoção de partes impróprias para consumo durante a toalete no frigorífico. Para obter o máximo de benefícios da vacinação é preciso seguir alguns cuidados.
Compra e armazenamento – Ao efetuar a compra das vacinas, fique atento à procedência, à data de validade e às instruções de uso e de conservação. A temperatura deve ser mantida entre +2ºC e +8ºC. As vacinas devem ser transportadas em caixa térmica, vedada com fita adesiva, com proporção de três partes de gelo para uma parte de frascos.
Hora de vacinar – Somente os animais sadios devem ser vacinados. A vacina deve ser aplicada nos locais indicados pelos fabricantes, geralmente, na tábua do pescoço (intramuscular) ou embaixo da pele (subcutânea).
É bom lembrar que a seringa – ou pistola – e o frasco em uso devem ser mantidos dentro da caixa de isopor enquanto a vacina não estiver sendo aplicada, assim como todos os equipamentos devem ser mantidos em local limpo no decorrer dos trabalhos.
A pesquisadora destaca que a questão da higiene é fundamental na hora da vacinação e recomenda a desinfecção de agulhas e pistolas, por fervura em água, durante pelo menos 15 minutos. “Além disso, durante a vacinação, deve ser feita a troca de agulha, por exemplo, a cada dez animais ou recarga da pistola. A introdução repetida de agulhas já utilizadas no frasco predispõe a contaminação do produto e pode provocar abscessos nos animais. Ao final da vacinação, seringas e pistolas devem ser guardadas depois de lavadas, desinfetadas e secas”, explica.
Ela lembra que é recomendado que os animais sejam contidos individualmente no tronco para a aplicação da vacina, pois isso diminui o risco de quebra de agulhas, refluxo do produto, perda de doses e acidentes com trabalhadores e animais. “A vacinação deve ser feita, preferencialmente, nos períodos mais frescos do dia, com tranquilidade, sem correrias e barulhos excessivos, a fim de evitar estresses desnecessários”, complementa.
Recomendações gerais – Animais doentes ou submetidos a atividades desgastantes, como longas caminhadas ou viagens, não devem ser vacinados. Nunca devem ser utilizadas agulhas sujas, enferrujadas ou com pontas rombudas.
Após a primeira vacinação contra alguma doença é preciso aplicar uma segunda dose, aproximadamente quatro semanas depois ou a critério do médico veterinário (exceto para vacinação contra brucelose, em que uma única dose é indicada para fêmeas de três a oito meses de idade).
O procedimento é importante para alcançar os níveis desejados de proteção, pois em muitos casos a resposta a uma única dose pode ser baixa e de curta duração, principalmente quando ainda existe a presença de anticorpos maternos. Dependendo da doença, o intervalo para os reforços vacinais pode variar, por isso é importante o acompanhamento por um médico veterinário, que irá orientar sobre quais vacinas são indicadas em cada caso específico, assim como o período mais adequado para aplicação, a fim de evitar os prejuízos causados pela ocorrência de doenças que podem ser prevenidas pela vacinação.
Fonte: Embrapa