A farinha de mandioca é um alimento presente no cotidiano da população do estado do Amazonas, consumida de diversas formas e momentos
A Embrapa Amazônia Ocidental dispõe no campo experimental do Caldeirão, município de Iranduba, região metropolitana de Manaus de uma unidade piloto de beneficiamento de raiz de mandioca, com o objetivo de testar o rendimento de farinha das variedades pesquisadas pela empresa, bem como a qualidade do produto final.
De acordo com o pesquisador da cultura Miguel Dias, testes que são realizados na unidade piloto buscam aprimorar conhecimentos na área de pesquisa de pós-colheita com a raiz. “A pesquisa tem avançado muito em tecnologias quanto ao cultivo da mandioca e para o desenvolvimento de variedades adaptadas para a região, mas ainda precisa melhorar no que diz respeito ao beneficiamento da raiz”, ressaltou Dias. Segundo ele, com a unidade piloto, considerada como uma unidade semimecanizada, é possível testar processos que diminuam as perdas na produção da farinha, racionalizem o tempo e a mão de obra.
Além disso, a unidade de processamento, quando solicitada, disponibiliza aos agricultores familiares da região para produção de farinha. Esse é o caso do produtor Gilberto dos Santos Bezerra, da localidade do Jandira, município de Iranduba, que estava em risco de perder a produção de macaxeira, em decorrência da elevação das águas do rio Solimões em sua propriedade, na área de várzea. Bezerra, que não havia conseguido comercializar toda a produção com a prefeitura do município de Iranduba, para uso na merenda escolar, recorreu a Embrapa para beneficiar o restante das raízes que se encontravam no campo, sujeita a inundação. Segundo o agricultor, foi uma forma de não perder a produção, como também de conhecer na prática a fabricação de farinha numa unidade de beneficiamento semimecanizada.
Para o pesquisador, a utilização de unidades de beneficiamento como essa pode ser uma alternativa interessante para produtores do estado do Amazonas que dispõem da eletrificação rural. Nesse caso, comunidades já estruturadas, principalmente por meio de associações ou cooperativas poderiam se beneficiar através de investimento agrícola, na montagem de uma farinheira comum.
“Além de ganho com qualidade, uma das vantagens é a diminuição do tempo e da mão de obra na produção da farinha”, disse o pesquisador. Um dos exemplos dado por Dias é quanto ao processo de ralar/cevar a raiz, quando da fabricação da farinha mista ou seca, que no modo tradicional tem que ser feita raiz por raiz em um caititu, gastando bastante tempo, enquanto numa unidade semimecanizada, como a da Embrapa, um triturador vertical consegue processar cerca de 100 kg em cinco minutos.