O mercado do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fechou a semana com altas próximas de 4% e alguns vencimentos mais distantes voltaram a se aproximar do patamar de US$ 1,40 por libra-peso
As cotações avançaram a questão financeira e informações sobre a oferta no Brasil. O vencimento setembro/17 encerrou o dia no maior patamar em seis semanas e meia.
No mercado interno, os negócios com café seguem isolados com cafeicultores ainda atentos aos trabalhos de colheita e à espera de melhores patamares de preço.
Nesta sexta-feira, o contrato julho/17 fechou a sessão cotado a 131,70 cents/lb com alta de 235 pontos, o setembro/17, referência de mercado, registrou 133,70 cents/lb com avanço de 250 pontos. Já o vencimento dezembro/17 encerrou o dia com 137,30 cents/lb e valorização de 250 pontos e o março/18, mais distante, subiu 250 pontos, fechando a 140,75 cents/lb.
Na sessão anterior, a alta também foi expressiva no mercado do arábica. De acordo com o analista de mercado da Safras & Mercado, o mercado encontrou suporte, principalmente, de olho nas questões financeiras. “Essa puxada em Nova York está ligada ao dólar no Brasil, paralelamente a isso tem a questão do petróleo e também um pouco de pressão em relação à safra brasileira. Esses fatores ajudaram o café a romper a linha dos US$ 130,00 cents/lb”, afirma.
O petróleo tem peso no índice de commodities, pois serve de referência para os fundos atuarem no mercado.
O dólar comercial fechou a sessão desta sexta-feira com queda de 0,73%, a R$ 3,1849 na venda, no menor patamar desde 17 de maio, repercutindo dados econômicos fracos dos Estados Unidos e um ambiente mais tranquilo no cenário político interno. “O real brasileiro é a cereja do bolo”, disse o consultor sénior de risco da INTL FCStone, Julio Sera, à Reuters. “O mercado está se comportando muito bem em um ponto de vista técnico sobre o atraso de todas essas notícias fundamentais”.
Em menor intensidade, também deu suporte às cotações do café arábica nos últimos dias as informações sobre a safra 2017/18 de café do Brasil, maior produtor e exportador da commodity no mundo. Mapas da Climatempo mostram que o frio pode voltar às regiões produtoras na próxima semana com uma nova frente fria, com isso surgiram os temores de possíveis geadas no cinturão do país.
“Essa nova massa polar é continental e o frio será intenso, elevando o risco para ocorrência de geadas em áreas de café e de cana-de- açúcar. O monitoramento dessa massa polar e do risco de geada vai continuar nos próximos dias”, reportou a empresa.
Barabach afirma que nos últimos dias, também com uma frente fria, os operadores no terminal externo estiveram em atenção, mas o movimento de alta acabou sendo revertido sem a condição climática de baixas temperaturas que se esperava.
A OIC (Organização Internacional do Café) apontou durante a semana razões de possível esperança altista para o mercado do café após a pressão recente e o frio foi uma delas. A Organização apontou fatores que os investidores possam levar em conta diante dos temores com geadas no Brasil, o principal país produtor de café, e também diante do surto de ferrugem em Honduras.
“No início de julho, porém, ainda há um risco residual de geada no Brasil, potencialmente afetando as perspectivas da próxima safra”, disse a OIC que acrescentou que “possíveis surtos de ferrugem em países como Honduras podem intensificar preocupações com a oferta no mercado”.
A colheita de café no Brasil chegou a 56% até dia 11 de julho, segundo estimativa da Safras & Mercado. Levando em conta a estimativa da consultoria para a produção de café em 2017, de 51,1 milhões de sacas de 60 kg, é apontado que foram colhidas 28,86 milhões de sacas.
Já as exportações da safra 2016/17 do Brasil atingiram os níveis mais baixos em cinco temporadas, com cerca de 30 milhões de sacas de 60 kg embarcadas do grão. Os dados são dos dois principais órgãos que fazem esse levantamento ao longo do ano no país, o Cecafé e a Secex, órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O clima desfavorável prejudicou a produção e, consequentemente, impactou as exportações, segundo os exportadores.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta terça-feira sua atualização nas estimativas de safra dos produtos agrícolas. No café, a previsão ficou praticamente estável. O Instituto estima a colheita de arábica em 36,68 milhões de sacas de 60 kg. Ainda assim, o volume representa uma queda de 14,7% ante a temporada anterior.
Paralelamente, a Conab também fez uma divulgação importante nesta quarta-feira. De acordo com a autarquia, os estoques privados de café do Brasil estavam em 9,86 milhões de sacas de 60 kg em 31 de março de 2017, final da safra 2016. O número representa uma queda de 27,4% em relação ao período do ano safra anterior.
Mercado interno
Seguiram isolados durante toda a semana os negócios com café nas principais praças de comercialização do país. Os cafeicultores estão em plena colheita, bastante atentos ao clima e aguardam melhores patamares de preço para voltarem aos negócios. Além disso, as primeiras amostras de café arábica da safra 2017/18 que chegam ao mercado têm apresentado granação menor que o esperado.
“Segundo colaboradores do Cepea, produtores têm preferido separar os melhores grãos para entregas programadas e o cumprimento de contratos”, reportou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP em nota durante a semana. No fechamento semanal, o balanço foi misto nas praças de comercialização verificadas pelo Notícias Agrícolas.
O tipo cereja descascado anotou maior variação na semana em Espírito Santo do Pinhal (SP) com alta de 4,17% (+R$ 20,00) e saca a R$ 500,00 a saca. Guaxupé (MG) teve o maior valor de negociação dentre as praças no período com R$ 503,00 a saca e alta acumulada de 0,20% (+R$ 1,00).
No tipo 4, a maior variação na semana foi registrada em Franca (SP) com valorização de 4,17% (+R$ 20,00) e saca a R$ 500,00. Maior valor de negociação no fechamento da semana dentre as praças.
O tipo 6 duro teve maior oscilação na semana em Franca (SP) com alta de 4,35% (+R$ 20,00). A cidade teve a cotação mais expressiva no fechamento da semana com R$ 480,00 a saca.
Na quinta-feira (13), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 408,39 e alta de 0,05%.
Fonte: Notícias Agrícolas