Retração no consumo, expansão da produção e aumento das importações fazem preço do leite cair no mercado catarinense
Restrição de consumo no mercado doméstico e excesso de leite oriundo do Uruguai, da Argentina e do Rio Grande do Sul provocando excesso de oferta em território catarinense. A soma desses dois fatores resultou na queda dos preços praticados pelos laticínios aos produtores rurais catarinenses.
Essa situação foi analisada e mensurada pelo Conselho Paritário Produtor/Indústrias de Leite do Estado de Santa Catarina (Conseleite/SC) que esteve reunido nesta semana em Joaçaba para definir os valores de referência da matéria-prima. As notícias não são boas para quem produz: os preços de referência ao produtor projetado para o leite entregue em julho/2017 registram aproximadamente 5,5% de queda (6 centavos a menos por litro) em relação ao preço de referência do leite entregue no mês anterior.
O presidente do Conseleite/SC e vice-presidente regional da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC) Adelar Maximiliano Zimmer anunciou que o leite entregue em julho a ser pago em agosto tem as seguintes projeções de valores: leite acima do padrão R$ 1.2366/litro; leite padrão R$ 1,0753 e abaixo do padrão R$ 0,9775. Os valores se referem ao leite posto na propriedade com Funrural incluso.
A redução do preço do leite em todas as fases da cadeia produtiva nesta época do ano é absolutamente atípica. “É a primeira vez em dez ano que isso ocorre”, espanta-se Zimmer. O desemprego, a queda geral do poder aquisitivo da população e o excesso de importação – na avaliação do dirigente – são insuficientes para explicar a queda nos preços do leite que ocorrem desde maio. No último mês foram importados 62 milhões de dólares em produtos lácteos, sendo mais de 60% leite em pó. Por outro lado, o observatório MilkPoint Radar identificou uma nova tendência de alta na oferta em razão dos custos dos concentrados estarem consideravelmente mais baixos.
Queda no consumo, expansão na produção e aumento das importações fazem preço do leite cair no mercado catarinense. “Pode ser bom, momentaneamente, para o consumidor, mas é péssimo para o produtor rural”, analisa o presidente.
PRODUÇÃO CATARINENSE
O Estado é o quinto produtor nacional de leite e gera entre 3,0 e 3,1 bilhões de litros por ano, o que corresponde a 8,7% da produção nacional. A concentração da produção está na região oeste catarinense, respondendo por 75% da produção estadual. Ao todo estima-se que existam no estado cerca de 50 mil produtores comerciais de leite que produzem cerca de 8,5 milhões de litros por dia. A capacidade industrial é estruturada para processar até 10 milhões de litros de leite/dia.
Fonte: Conseleite SC