A Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP) convidou especialistas da Embrapa para fazer uma apresentação e discutir a respeito de nanotecnologia e toxicologia durante reunião em 23 de maio, via plataforma on-line
Foram convidados os pesquisadores Vera Castro da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) e Humberto Brandão da Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora, MG).
A pesquisadora Vera Castro trabalha com avaliações ecotoxicológicas e nanotecnologia e explicou que o risco toxicológico de qualquer material está relacionado à toxicidade inerente ao material avaliado e a fatores ambientais que influenciam esta ação tóxica, como o tempo de exposição. Conforme a pesquisadora, os riscos associados aos nanomateriais não são ainda bem conhecidos apesar do aumento do uso. “Para estudar o risco ambiental destes materiais, é necessário avaliar suas características e seu comportamento no ambiente, como dissolução, aglomeração e sedimentação e a possibilidade de adsorção de ions e macromoléculas para verificar a disponibilidade nos organismos”, disse.
Também é necessário analisar os efeitos tóxicos em diferentes condições ambientais como a influência da radiação UV, a presença de matéria orgânica. Ela ressalta que o estudo destas condições é importante pois qualquer variação nas condições de exposição irá influenciar os efeitos nos organismos e em consequência a interpretação dos experimentos.
A pesquisadora mostrou exemplos de monitoramento biológico (que envolve organismos) da exposição a estes materiais e os possíveis efeitos tóxicos por meio de ensaios com peixes e nematoides. Ela também esclareceu que um dos principais objetivos destes estudos é compreender os mecanismos pelos quais os contaminantes perturbam o desempenho biológico normal e assim poder desenvolver medidas apropriadas à prevenção de possíveis efeitos adversos resultantes destes materiais. Ela ainda explicou que a avaliação ecotoxicológica envolve vários testes com o uso de animais que estão sujeitos às práticas de ética previstas na legislação.
Já o pesquisador Humberto Brandão comentou que recentemente a Embrapa passou a integrar o NANoREG – consórcio europeu para regulação em nanomateriais. Essa integração significa um passo rumo ao emprego de materiais de referência e de procedimentos padronizados internacionalmente e passa a contribuir com a tarefa de caracterizar e avaliar impactos de materiais que possam compor o desenvolvimento de pesquisas científicas à base de nanotecnologia. De acordo com Brandão, o NANoREG tem como escopo implementar capacidade de execução de teste no Brasil em alinhamento com os padrões internacionais. Entretanto, ele avalia que uma regulamentação ainda irá demorar um pouco para ser proposta.
Em relação a nanofibras e nanocristais de celulose, Brandão explicou que ainda há vários desafios para a avaliação da toxicidade do material, como por exemplo, suas propriedades físico-químicas e a origem da nanocelulose, que são críticas nesta avaliação. Assim, os resultados em teste de cultura de células podem variar em relação ao tipo de nanofibra/nanocristal, tamanho, processo de produção e origem.
Fonte: Embrapa