As tentativas de combate e controle dos parasitas são, na maioria das vezes, realizadas de forma incorreta
Segundo o responsável técnico Comercial pelo laboratório Vet&Cia, do Grupo Matsuda (Álvares Machado/SP), e também médico-veterinário, Gustavo Martins, o controle dos parasitas em bovinos é um importante fator na produção, uma vez que causam grandes perdas econômicas devido a quedas de produtividade de carne e leite, retardo nas idades de abate e reprodutiva, transmissão de patógenos, podendo ocasionar, até mesmo, a morte de alguns animais, o que diminui significativamente a rentabilidade pecuária.
Ele conta que foram feitos estudos para se estimar as perdas potenciais anuais, considerando-se o número total de animais em risco e os efeitos negativos do parasitismo sobre a produtividade. A perda econômica anual combinada devido aos parasitos internos e externos dos bovinos foi estimada em pelo menos US$ 13,93 bilhões.
Ainda segundo o especialista, o manejo incorreto implica no uso contínuo de produtos químicos, com uso excessivo de aplicações por ano, aplicações em épocas erradas e uso desordenado de bases terapêuticas. Assim, tem-se um alto custo de produção, objetivos do controle não alcançados e, ainda, prejuízos mais sérios, como a seleção de organismos aptos a sobreviver ao efeito tóxico dos fármacos, ou seja, a resistência.
Pesquisas acadêmicas demonstraram fatores alarmantes ao constatar que apenas uma pequena parcela dos produtores rurais procura orientação do médico-veterinário para tratamentos antiparasitários. “Nas últimas décadas, importantes famílias de antiparasitários de amplo espectro de ação, poder residual prolongado e baixa toxicidade, permitiram ao produtor dispor de ferramentas cada vez mais práticas e adaptáveis aos diferentes sistemas de produção. Porém, essas características criaram um falso sentido de segurança e garantia de eficácia, fazendo com que fatores importantes fossem negligenciados, como por exemplo, a atividade do médico-veterinário como consultor em saúde animal e o próprio diagnóstico”, diz Martins.
A resistência parasitária em bovinos demonstrada por endo e ectoparasitas é atualmente, talvez, o maior entrave para a pecuária comercial nacional e em vários países de regiões e tropicais e subtropicais. “O intervalo inicial (meses/anos) para que este fenômeno inicie depende da espécie do parasita, da presença de genes que conferem resistência, da pressão de seleção exercida pela droga utilizada e do tipo de manejo escolhido para cada situação”, conta o profissional.
Para ele, outras medidas de combate e controle devem ser pensadas e colocadas mais em prática. “Técnicas de pastejos alternados ou em associação entre espécies, controle estratégico e tático, rodízio de princípios ativos efetivos e testados, rotação de pastagens, e outras existentes, devem ser intensificadas, para que possamos depender menos de ativos e, assim tenhamos seus tempos de vida prolongados”, finaliza.
Fonte: Acrimat