Troca entre as commodities agrícolas e os insumos já não são tão atrativas ao produtor
A consultoria INTL FCStone revisou sua projeção de entregas de fertilizantes aos consumidores finais no Brasil em 2017 para 33,738 milhões de toneladas, o que representa uma redução de 1,0% em relação às entregas do ano passado, segundo os dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA).
“Uma das principais razões para a estimativa de queda nos recebimentos de adubos no ano são as relações de troca entre as commodities agrícolas e os insumos”, afirma o analista de mercado do grupo, Fábio Rezende.
Em 2016, uma maior aplicação era financeiramente vantajosa aos produtores, diante dos baixos custos relativos do adubo, mesmo quando a resposta esperada na produção era pequena. Em 2017, contudo, as relações de troca voltaram a avançar, e já não são mais tão atrativas aos produtores, mesmo ainda se encontrando abaixo da média dos últimos anos.
Outro ponto de destaque é a questão da antecipação das compras para a segunda safra de milho. Para o ciclo 2016/17, a maior parte dos fertilizantes destinados aos produtores da “safrinha” foram entregues no quarto trimestre de 2016, já que os produtores aproveitaram as excelentes relações de troca do cereal pelos fertilizantes em meados do ano para adiantar as aquisições.
“Esse cenário favorável à antecipação das compras não deve se repetir para a safrinha 2017/18, de modo que boa parte dos insumos serão entregues somente nos primeiros meses de 2018”, explica Rezende.
Outro lado da moeda
Apesar do contexto, outros fatores devem agir de maneira positiva a demanda de fertilizantes no ano, de modo que a entrega acumulada em 2017, embora possa não superar a de 2016, ainda deverá ser maior que a de 2014, quando se registrou a segunda maior demanda pelos adubos no Brasil.
Entre esses fatores, destaca-se a necessidade de reposição de nutrientes no solo após a grande colheita em 2016/17: de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil produziu 238,2 milhões de toneladas de grãos nessa temporada, 27,7% acima do volume obtido no ciclo anterior e 14,7% acima da antiga produção recorde.
Além da elevada produção, o produtor médio também obteve maior rentabilidade, de modo que possui mais capital para investimento em tecnologia. Parte desse impacto já foi sentido no primeiro semestre do ano, quando se registrou uma demanda mais forte dos produtores de cana-de-açúcar por fertilizantes, diante dos bons resultados financeiros obtidos no corte anterior, após vários anos de rendimento ruins. Algo semelhante deverá ser observado nos próximos meses com os produtores de soja.
Também ficará mais fácil financiar a produção via capital de terceiros: além da queda dos juros, espera-se uma maior liberação de crédito rural. De acordo com o Banco Central, o valor dos contratos de crédito rural para custeio da lavoura entre janeiro e julho de 2017 já soma R$ 27,33 bilhões, assinalando uma sutil variação positiva de 0,4% em comparação com o ano passado, no mesmo período.
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Por INTL FCStone