Depois de dois anos de déficit, crescimento reduzido da demanda e perspectivas boas para os principais players do Hemisfério Norte devem levar a superávit
Após dois anos de déficit global de açúcar, o balanço mundial de oferta e demanda do produto deve voltar ao campo positivo. Segundo a INTL FCStone, a safra excedente alcançará 2,6 milhões de toneladas no ciclo 2017/18.
Parte deste resultado diz respeito ao avanço na produção global de açúcar, para 187,4 milhões de toneladas, um incremento de 5,4% na comparação com 2016/17. Entre os destaques deste crescimento, deve-se mencionar a Índia e Tailândia.
No primeiro, o rápido plantio de cana no ano passado deve render frutos este ano, aumentando a área colhida e reduzindo a idade média dos canaviais. Com isso é provável que ocorra forte recuperação na produção de açúcar, principalmente no estado de Maharashtra, levando a INTL FCStone a estimar o total do país em 24,5 milhões de toneladas (valor branco).
Já na Tailândia, o aumento de área, combinado com o clima muito positivo até o momento nas principais regiões canavieiras, levou a novo aumento na produção de açúcar, agora para 11,9 milhões de toneladas (+12,9%), o que representaria um novo recorde para o país. Na China a situação é semelhante, com aumento de área e clima favorável, levando a aumentar a estimativa para 10,6 milhões de toneladas (valor branco), 13,7% acima de 2016/17.
Na União Europeia, o clima próximo da normalidade ao longo dos últimos meses na França e Alemanha reduziram o risco de quebra agrícola no bloco. Entre os outros países produtores, a expectativa de produtividade reduzida devido ao clima muito úmido no plantio da beterraba na Polônia deve ser compensada por rendimento acima do normal na Inglaterra e na região do Benelux. A estimativa de produção no bloco saltou para 18,6 milhões de toneladas, 18,6% acima da safra passada.
No campo negativo, o único grande produtor responsável pela redução foi o Brasil, com estimativa de produção do Centro-Sul para 34,1 milhões de toneladas (tel quel), 3,9% abaixo do projetado para a safra global 2016/17. Já para a região Norte/Nordeste, 2,9 milhões de toneladas (tel quel), 3,2% abaixo do ciclo atual.
“O principal motivo para este comportamento dissonante é a flexibilidade produtiva de grande parte das usinas do país, o que permite que as empresas direcionem uma maior parte da matéria-prima para a produção de etanol como resposta ao cenário de baixos preços no mercado internacional do açúcar”, explicou o analista de mercado, João Paulo Botelho.
Pelo lado da demanda global, a INTL FCStone estimou 184,8 milhões de toneladas, 1% acima da safra anterior. “O menor patamar de preços esperado para a safra deve incentivar o aumento na procura pelo adoçante, principalmente em países emergentes. Entretanto, restrições à importação em alguns mercados, com destaque para Índia e China, devem limitar este movimento”, avaliou Botelho.
Com essa expectativa, o grupo calculou que os estoques globais chegariam a 69,4 milhões de toneladas, 3,9% acima de 2016/17, mas 6,1% abaixo da média das cinco safras anteriores. Já a relação estoques/uso, por sua vez, subiria para 37,6%, 3,8 pontos percentuais abaixo da média das últimas cinco safras.
Por INTL FCStone