De acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública de Mato Grosso, o número de ocorrências no campo – entre roubos e furtos de defensivos agrícolas – caiu 12%, em relação ao ano passado
Mesmo assim, as taxas de crimes ainda são preocupantes para o setor. Os furtos de gado registrados já chegaram a 247 – contra 190 casos registrados em 2016.
O pecuarista Arno Schneider teve a propriedade assaltada. Foram levados mais de 100 animais das raças Brahman e Caracu, que representam um prejuízo superior a R$ 150 mil. Um funcionário da propriedade, que preferiu não ser identificado, foi rendido por homens armados, que amarraram ele e a família.
Schneider diz que todos se sentem inseguros, “reféns dos bandidos”. Ele cobra ações governamentais para coibir ações criminosas como essa.
“A bancada ruralista poderia promover ações para que se modificasse essa legislação e desse bem mais rigor, uma pena bem maior para esse tipo de crime. Defendo o armamento no campo. Em muitos outros países, onde o armamento é livre total, normalmente, os índices de criminalidade são menores”, diz Schneider.
Amado de Oliveira Filho, conselheiro técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), explica que os roubos e furtos se concentravam em animais terminados, mas agora estão atingindo animais jovens.
“É um caso de calamidade pública, isso está atingindo não só a perda patrimonial, mas estamos tendo dificuldade inclusive de mobilizarmos mão de obra para trabalhar no campo. São prejuízos imensuráveis e esperamos que se faça alguma coisa de fato”, conta.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Normando Corral, orienta que os pecuaristas tenham cuidado ao contratar funcionários, pois mesmo não intencionalmente, eles podem colocar a propriedade em evidência para bandidos.
“Outra coisa que eu digo: se eles roubam, alguém compra. Sabemos que em algumas regiões do estado temos uma fronteira seca com outro país e há um grande número de produtos que vão para lá. Nós temos que estar atentos àqueles que compram produtos sem origem. Se não tem origem e alguém vem vender barato, é porque é roubado, e o receptador também é um criminoso”, afirma Corral.
Para o presidente da Famato, o Brasil carece de inúmeras reformas. “Estamos vendo que as instituições não têm funcionado. As instituições que eu digo são as instituições públicas do Estado, seja no judiciário, seja na questão tributária. Deve se fazer uma reforma e é urgente”, defende Corral.
A Secretaria de Estado de Segurança Pública de Mato Grosso afirma que vem intensificando as ações no campo. O secretário, Rogers Elizandro Jarbas, destaca que uma parceria entre governo e produtores conseguiu reduzir o número de crimes na área rural em menos de cinco meses.
“Nós tivemos várias apreensões de defensivos agrícolas subtraídos, de defensivos agrícolas falsificados vindos de outros países e até mesmo de outros estados do país. Quadrilhas foram desmanteladas, diminuímos em 12,5% os furtos em propriedades rurais”, relata Jarbas.
O secretario reforça o pedido de que todo produtor que seja vítima de um crime leve ao conhecimento do sistema de segurança pública, para que possa ser feita uma análise criminal, que possibilitará a implementação de ações preventivas.
Fonte: Acrimat