A demanda aquecida por carne se mostrou fator essencial para recuperação do mercado da pecuária nos últimos meses. Em setembro, novo crescimento no número de abates foi registrado, com 434 mil animais
A demanda aquecida por carne se mostrou fator essencial para recuperação do mercado da pecuária nos últimos meses. Em setembro, novo crescimento no número de abates foi registrado, com 434 mil animais, 13% a mais que em setembro do ano passado. Apesar do volume ser menor do que o registrado em agosto, é considerado alto devido ao período de entressafra da pecuária, quando a seca compromete a disposição de pasto e prejudica a engorda.
Para a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), a retomada imediata de mercados e o aumento no consumo interno foram fatores importantes para que a pecuária de corte não acumulasse perdas ainda maiores. O diretor-executivo da entidade, Luciano Vacari, explica que de março a julho, o mercado registrou quedas consecutivos no preço da arroba, causando perda de renda para o pecuarista.
“Em Mato Grosso, foram registradas até 11 semanas seguidas de desvalorização no mercado do boi gordo. Operação da Polícia Federal, corrupção envolvendo agentes do setor e incertezas na economia do país causaram prejuízos no campo. A retomadas de mercados internacionais e o recente crescimento em postos de trabalhos foram essenciais para o ano não fosse perdido para a pecuária de corte”, afirma Vacari.
O boletim do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) informa que, as altas nos abates e nas exportações e a recente recuperação no preço da arroba ainda não são suficientes para estabelecer como o ano será finalizado. De acordo com a avaliação dos analistas, o montante de bovinos abatidos em setembro deste ano é 7,2% maior do que a média dos primeiros oito meses deste ano e ainda houve valorização de 9,5% no preço da arroba em comparação com agosto.
“Mesmo com mais oferta, foi possível manter o preço em ascendência. O mercado em outubro e novembro vai depender do número de animais terminados em confinamento que estarão disponíveis e da demanda interna e externa”, avalia Luciano Vacari.
Políticas de apoio – Algumas medidas adotadas pelo governo estadual contribuíram para a manutenção do mercado do boi gordo, como a redução da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para abate em outros estados e atualização da pauta do boi gordo, que é a base de cálculo do imposto.
O presidente da Acrimat, Marco Túlio Duarte Soares explica que a redução do ICMS, por parte do governo estadual, atendeu a uma demanda do setor produtivo que este ano passou por algumas crises com impactos diretos na remuneração do pecuarista.
“Em março, quando havia previsão de aumento da alíquota de 7% para 9% para o gado em pé, o governo atendeu a primeira solicitação dos pecuaristas e manteve os 7% até final de junho. Novamente, antes que o ICMS fosse elevado para 9%, conforme era previsto, o governo do Estado reconheceu a situação delicada enfrentadas pelos produtores de carne e reduziu a alíquota para 4%”, detalhou Marco Túlio.
A redução do imposto foi essencial para todo o setor. “Hoje vemos que a redução, ao invés de estimular a evasão de animais para o abate em outros estados, estimulou o mercado interno. Com mais concorrência, a indústria remunerou melhor o produtor, aumentou a produção e Mato Grosso, ao invés de enviar produto in natura, vendeu com valor agregado”.
Agora, a entidade pleiteia a manutenção da alíquota em 4% até 31 de dezembro para garantir a movimentação aquecida do setor. “Enviamos ao governo, no dia 19 de setembro, um ofício solicitando a manutenção do ICMS em 4%. Esperamos contar mais uma vez com a parceria com um dos principais setores produtivos do Estado”, afirma Marco Túlio.
Fonte: Acrimat