Apesar das variações no mercado do boi gordo em 2017, os produtores mato-grossenses apostaram na recuperação e confinaram 694,15 mil animais no ano
Apesar das variações no mercado do boi gordo em 2017, os produtores mato-grossenses apostaram na recuperação e confinaram 694,15 mil animais no ano. Os dados foram apresentados pelo último levantamento realizado em novembro e apontam aumento de 12% em comparação como total confinado em 2016.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) analisa que os resultados do levantamento do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) foram coerentes com o comportamento do mercado ao longo do ano. O primeiro levantamento, realizado em abril, apontou que a expectativa dos confinadores era engordar 701,85 mil animais. Em julho, após as oscilações nos preços, a intenção caiu para 645,72 mil. O fechamento do ano com 694,15 mil animais demonstra que a recuperação do preço da arroba e baixo custo com a alimentação dos animais pesaram no final.
O diretor-executivo da Acrimat, Luciano Vacari, explica que os produtores estão analisando melhor o mercado antes da tomada de decisão. “O pecuarista está mais maduro, preparado e tecnicamente instruído. As análises de mercado guiaram o setor e somente após demonstrar uma ligeira recuperação, os confinadores retomaram os investimentos”.
Ao longo do ano, o preço da arroba variou de R$ 135 a R$ 110, provocando incertezas. Após políticas para recuperação de mercados fechados após a Operação Carne Fraca, sobre corrupção no setor de fiscalização sanitária, e para fortalecer o mercado interno após denúncias envolvendo uma grande empresa do setor frigorífico, o setor conseguiu retomar parte das desvalorizações.
Vacari cita que desde o trabalho do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para vender a qualidade da carne brasileira, até as ações locais, como adesão do estado ao Sistema Integrado (SISBI) e redução da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) para abate em outros estados, contribuíram para garantir a permanência dos produtores na atividade.
Para o Imea, o principal fator para o incremento no total confinado foi o baixo custo. “Este aumento foi causado, principalmente, por um menor custo com alimentação. Ainda assim, o produtor que precisou negociar durante o segundo quadrimestre deste ano se viu à frente de uma receita abaixo do esperado, em comparação com quem negociou no final do ano”, traz o boletim do instituto.
VARIAÇÃO – Das sete regiões pesquisadas pelo Imea, em três delas houve aumento no número de animais e em quatro o total caiu entre 2016 e 2017. A região que mais confinou foi a sudeste mato-grossense, com 179,5 mil animais, 53 mil a mais que no ano anterior. A região que mais variou, entretanto, foi a nordeste, com aumento de 57,4 mil animais, passado de 35 mil para 92 mil.
Entre as regiões com maior queda, o centro-sul reduziu em 25 mil o número de bois engordados no cocho e fechou 2017 com 107 mil animais confinados. Também houve redução nas regiões norte, com 10 mil a menos, oeste, onde a queda foi de nove mil, e no noroeste, com ligeira redução de 850 cabeças.
SEGURANÇA – Este ano, o número de animais negociados antecipadamente, por meio de termo ou bolsa de valores, não chegou a 10% do total confinados. Apesar das inconstâncias no mercado, houve pouca utilização do hedge (travamento de preço antecipadamente).
De acordo com o levantamento do Imea, 2,2 dos animais tiveram o preço fechado por meio de contrato a termo e 5,8% foram comercializados na BMF&Bovespa. Esse 8% do total confinado, porém, está quase 40 pontos percentuais abaixo do que foi negociado antecipadamente em 2016, quando 36,4% dos animais foram comercializados a termo e 6,4% na bolsa.
Por Acrimat