O Mato Grosso, maior produtor de grãos do Brasil, deverá colher aproximadamente 25 milhões de toneladas de milho na segunda safra da temporada 2017/18, queda de 18,75 por cento na comparação com o ciclo passado, estimou nesta sexta-feira o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA).
A redução na safra esperada pelo IMEA, em sua primeira estimativa para 2017/18, ocorre devido aos preços baixos do cereal em 2017 e problemas na plantio da soja, que impactam diretamente no tamanho da janela da semeadura do milho.
Dessa forma, a expectativa é de queda de 10 por cento na área de produção de milho no Estado para 4,25 milhões de hectares em 17/18, explicou o Imea em nota.
O milho segunda safra, plantado após a colheita da soja, responde por quase todo o cereal colhido em Mato Grosso em uma temporada.
Quando há atraso na cultura de verão (soja) por falta de chuva, como aconteceu neste ano, a janela de clima ideal para o plantio de inverno (milho) fica prejudicada, e muitos produtores desistem da semeadura.
“E isso se deve a esses problemas que tivemos tanto na semeadura como nos preços baixos”, disse o gestor técnico Ângelo Ozelame, do Imea, órgão ligado à federação de produtores do Estado.
Até esta sexta-feira, o Mato Grosso registrava plantio de cerca de 90 por cento da área de soja, atraso de quase 5 pontos percentuais ante a mesma data na safra passada, quando tudo correu bem em termos climáticos.
A oleaginosa deve começar a ser colhida nesta safra no início de janeiro, e simultaneamente começa o plantio de milho.
Em relação à produtividade do milho a ser colhido em meados de 2018, a estimativa é de uma queda de 9,37 por cento em relação ao ciclo anterior, que foi considerado um dos com maiores produtividades, de 107 sacas por hectare.
Para a safra 17/18, a projeção é de 97 sacas por hectare, considerando também que o cereal vai ser beneficiado por menos chuvas do que o registrado na safra anterior –quanto mais tarde ocorre o plantio, menor a probabilidade de a cultura receber maiores volumes de precipitações.
No início do mês, o Imea havia elevado ligeiramente a sua previsão de safra de soja, para 30,6 milhões de toneladas, o que representará um recuo ante o recorde da temporada anterior (31,27 milhões de toneladas).
A previsão leva em consideração que o ano passado foi muito bom para a produtividade e que agora os produtores estão encontrando alguns problemas, como o atraso na semeadura devido à irregularidade das chuvas.
ALGODÃO EM ALTA
O Imea também divulgou a sua primeira estimativa de safra de algodão para o Mato Grosso, maior produtor da pluma.
O instituto estimou um aumento de quase 100 mil hectares de área no Estado, ou crescimento 15,8 por cento, para 725 mil hectares.
Quanto à produtividade, no entanto, há a expectativa de queda de 5,4 por cento em relação à temporada anterior.
“Com esse aumento de área e queda da produtividade, a expectativa para a safra 17/18 de algodão é de pouco mais de 1,15 milhão de toneladas de pluma… O aumento em relação ao ano passado é de 9,5 por cento”, diz o gestor técnico Ozelame.
Ele explicou que o aumento de área de algodão é reflexo dos melhores preços negociados antecipadamente pelos produtores.
“Isso animou os produtores a aumentarem suas áreas. Até outubro deste ano, a comercialização da safra 16/17 estava em quase 56 por cento. E agora a parte da produção que ainda vai começar a ser semeada, em dezembro, já está comercializada e isso implica no aumento da área”, analisou (Reuterss, 17/11/17).