De acordo com analistas, as empresas foram beneficiadas pela conjuntura mais positiva reforçada pelo comportamento do consumo das famílias no Brasil no terceiro trimestre
A melhora das perspectivas para o segmento de carnes sobretudo no front doméstico no curto e médio prazo impulsionaram ontem na B3 as ações da JBS e da Marfrig, que já haviam ganhado algum fôlego depois da divulgação dos resultados de ambas no terceiro trimestre.
O grande destaque do dia foi a alta de 8% dos papéis da JBS, a maior do Ibovespa. Com o salto, caiu para 22,7% a queda acumulada das ações da empresa neste ano, marcado por reflexos negativos derivados das delações premiadas de seus controladores e da operação Carne Fraca.
Conforme cálculos do Valor Data, a valorização – também influenciada pelo otimismo gerado pelo avanço da reforma tributária nos EUA, onde a JBS tem presença importante -, gerou incremento de R$ 1,8 bilhão no valor de mercado da companhia ontem, para R$ 24 bilhões.
A alta das ações da Marfrig também foi expressiva. Com o ganho de 4%, que ampliou o ganho acumulado no ano para 8%, o valor de mercado da empresa subiu R$ 162 milhões, para R$ 4,4 bilhões.
De acordo com analistas, ambas as empresas foram beneficiadas pela conjuntura mais positiva reforçada pelo comportamento do consumo das famílias no Brasil no terceiro trimestre – que, conforme informou o IBGE na sexta-feira, subiu 1,2%.
O resultado tornou ainda mais sólidas as estimativas de aquecimento da demanda neste quarto trimestre – já sazonalmente beneficiada pelas compras para as festas de fim de ano – e no início de 2018.
Na esteira dos resultados divulgados na sexta-feira pelo IBGE, no boletim Focus do Banco Central divulgado ontem a média das previsões do mercado para o crescimento do PIB em 2017 passou de 0,73% para 0,89%. Para o ano que vem, a expectativa subiu de 2,58% para 2,6%.
Como lembrou Adolfo Fontes, analista de proteínas animais do Rabobank no Brasil, o consumo doméstico de carnes é particularmente sensível ao ritmo de crescimento da economia. Não por outro motivo, permaneceu retraído no Brasil em 2015 e 2016 e, em 2017, começou a se recuperar com mais contundência apenas nos últimos meses.
O raciocínio vale para as carnes bovina, suína e de frango. A JBS têm participações expressivas nos três mercados, enquanto o foco da Marfrig no Brasil está na bovina. Também concentrada na carne bovina, porém mais dependente das exportações – cujas perspectivas também são otimistas, apesar do recente embargo imposto pela Rússia -, a Minerva Foods viu suas ações subirem menos ontem na B3 (1,6%).
Em conversa com jornalistas e analistas sobre os resultados do terceiro trimestre, executivos da Minerva adiantaram que faz parte dos planos da empresa ampliar sua presença no Brasil por meio da expansão das vendas para o food-service.
Thiago Duarte, analista do BTG Pactual, lembrou que os resultados operacionais da JBS entre julho e setembro, que bateram novos recordes, também ajudaram a criar um ambiente mais favorável para a forte alta das ações observada ontem.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da companhia no terceiro trimestre foi de R$ 4,3 bilhões, 37,4% mais que em igual intervalo de 2016. A margem Ebitda cresceu quase três pontos percentuais, de 7,6% para 10,5%.
“Já havíamos notado um aumento do interesse de fundos e de outros agentes financeiros nesse ativo [ação da JBS] nos últimos dias”, afirmou Duarte ao
Em meio às altas das ações de JBS, Marfrig e Minerva ontem, chamou a atenção a estabilidade dos papéis da BRF, cujos negócios, capitaneados pela marca Sadia, estão concentrados nas carnes de frango e suína – além de embutidos e processados, como a divisão Seara da JBS.
No momento, contudo, pesam contra a companhia os resultados não tão positivos no terceiro trimestre e a reestruturação da gestão ainda em curso. A companhia passará a contar neste mês com um novo CEO e também tem outros cargos de primeiro escalão à espera de novos comandantes.
Por Valor Econômico