A visita a duas regiões portuárias do Pacífico, em Iquique e Arica, no Peru, aumentou a esperança de que, assim que ocorridos todos os investimentos necessários em infraestrutura de logística, seja possível exportar a produção agropecuária de Mato Grosso por esse Oceano. A impressão é compartilhada pelo presidente do Sistema Famato/Senar, Rui Prado, e os presidentes de sindicatos rurais que acompanham a Caravana da Integração na comitiva da entidade. A expedição realiza seu último dia de visitas nesta quarta-feira (26/04).
“Hoje, ainda não é viável. É preciso fazer muitos investimentos, de pavimentação, por exemplo. Investimentos que têm que ser feitos por outro país, a Bolívia. Então, hoje é um sonho, mas que pode ser uma realidade e trazer benefícios para nós, mato-grossenses”, ponderou Prado.
O presidente do Sistema Famato/Senar disse entender que a América do Sul é um claro mercado consumidor para Mato Grosso e que o investimento na concretização da rota favorecerá não só a exportação dos produtos estaduais, mas o fomento das economias locais.
“Temos todo interesse nesta rota. Ela não está ainda implementada, mas à medida que desenvolver novos caminhos para produção agropecuária de Mato Grosso, com certeza todos sairão ganhando. Não estou falando só de soja, mas de algodão, das carnes, dos derivados, como o couro. Enfim, tudo que produzimos no estado de Mato Grosso nós devemos alcançar novos mercados como Chile, a Bolívia e o Peru”, comentou.
A presidente do Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis, Giovana Velke, enumerou as oportunidades que a integração com os países da América do Sul, e especial Chile, Bolívia e Peru, pode proporcionar, inclusive quanto ao aumento nas vagas de trabalho e na renda das populações envolvidas.
“Essa integração representa um avanço muito grande pra todos os países, porque é uma nova oportunidade surgindo, oportunidade em que ambos vão ganhar. Mato Grosso precisa melhorar suas exportações e também ter mais opções de importações, e essa rota é uma excelente chance para que todos ganhem com isso. Mato Grosso tem hoje uma grande diversidade agrícola. Plantamos muitas coisas além da soja e do milho. Nós podemos trazer, para nossos vizinhos, alimentos. E nós precisamos também de tecnologia nova, de facilitação para trazer esses produtos ao nosso país por meio da China, por exemplo. Além de gerar trabalho para todos os países. Isso é muito bom, porque trabalho gera renda, renda gera crescimento para nação em geral”, avaliou Giovana.
A busca por novos mercados também é o ganho identificado pelo presidente do Sindicato Rural de Aripuanã, Aparecido Piola, que acompanha a Caravana. Em sua opinião, o Brasil tem perdido grandes oportunidades de exportação por ser muito focado apenas em grãos e carnes. “Aqui tem muito mercado a ser explorado. Infelizmente, o Brasil perdeu muito mercado nos últimos dez anos. Porque só pensa em exportar soja, milho e boi, e voltado para os mercados asiático e europeu. Me parece que temos um nicho de mercado muito bom aqui e não estamos sabendo aproveitar”, ponderou.
Antenor Utida, produtor rural em Campo Novo do Parecis e membro da diretoria do Sindicato, disse entender que o melhor caminho para estabelecer as rotas é a adoção de ferrovias, tendo em vista menores dificuldades de transporte. Porém, também enxerga na região um oportuno mercado consumidor, principalmente pelo fato de a produção agropecuária ser muito pequena nos países visitados durante a Caravana. “A ferrovia seria melhora do que a rodovia. Não dá para fugir muito disso por conta da dificuldade imposta pelas montanhas. Mas é um mercado consumidor interessante, porque eles não produzem nada. E tem muita gente aqui na América do Sul”.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso, que acompanha a expedição, reconheceu que o transporte de grãos e produtos a granel enfrentará dificuldades para atingir os portos do Pacífico. Mas disse apostar na agregação de valores aos produtos agropecuários do Estado para inserção no mercado local e exportação pelos portos do Chile e do Peru.
“Ficou claro que será muito difícil ter acesso para produtos a granel. A viagem é extremamente longa, por caminhos estreitos e atravessa os Andes, que é uma barreira natural muito difícil de ser vencida. Para dar acesso a esses produtos precisa ter mais valor agregado. Ao invés de exportar o milho, a soja, vamos exportar os cortes de carnes para a região, por exemplo. Agregando valor com produtos mais bem elaborados para que possa suportar não só saindo a granel, mas principalmente para transporte de produtos em contêineres”, esclareceu reforçando que, diante disso, ainda há o desafio de fortalecer a agroindústria mato-grossense.
A viagem já atravessou a Bolívia, o norte do Chile e se encerra com a visita da cidade portuária de Arequipa, no Peru. Por todas as cidades onde passou a Caravana, o governador Pedro Taques assinou cartas de intenção para promover a integração dos países visitados.
Fonte: ASCOM FAMATO