Sistema é mais prático e barato que estruturas fixas de armazenamento. Com diâmetros de 1,8 e 2,7m e 60m de comprimento, podem armazenar 100 ou 200 toneladas de grãos
Se para a agricultura o silo-bolsa é uma alternativa para guardar excessos da safra que, ano a ano, bate recordes no Brasil, na pecuária de corte são principalmente os confinadores que o utilizam. Esses criadores precisam ter disponível grande quantidade de grãos, cujo volume é consumido, porém, apenas em determinada época do ano, não justificando o investimento em uma estrutura fixa, muito mais cara.
Além disso, há o aumento do interesse pela dieta de milho úmido e, neste caso, o silo-bolsa é o grande auxiliar na manutenção da qualidade e das características adequadas do alimento. Há também quem o use para estoque
estratégico do subproduto do etanol (DDG) e da casquinha de soja, insumos comprados no período de baixa de preços e estocados. E, em menor escala, há os silos-bolsas destinados a guardar volumosos. Os silos-bolsas são longos sacos plásticos, brancos por fora e pretos por dentro, em formato de linguiça, cuja abertura pode chegar a até 4 metros de diâmetro, como os utilizados nos Estados Unidos. No Brasil, são usados os silos-bolsas de 1,8 e 2,7 metros de diâmetro, com 60 metros de comprimento.
A capacidade dos primeiros é de 80 toneladas de volumoso e 100 toneladas de grão úmido. Com os mesmos produtos, os maiores suportam, respectivamente, 200 e 220 toneladas, informa o diretor técnico e comercial Hector Malinarich, da Ipesa do Brasil, empresa Argentina fabricante do equipamento. Atualmente 65% das vendas do produto no Brasil provêm desta empresa, garante o empresário. A quantidade pode variar dependendo do tipo de produto armazenado.
A matéria-prima da lona é composta por camadas de polietileno e um aditivo de absorção de raios ultravioletas, que funciona como um “filtro solar”. Quanto maior for o número de camadas e de aplicações do aditivo, melhor será a qualidade da lona. Esses são fatores que podem ser questionados ao fabricante e verificados na hora da compra. “Há variações. O produtor deve avaliar e buscar algum tipo de certificado ou reconhecimento de mercado”, sugere a professora Leda Rita A. Faroni, coordenadora do programa de pós- -graduação em Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa, MG. Quanto melhor a qualidade, menor será permeabilidade para barrar o oxigênio e maior a durabilidade do produto armazenado. Há variações de tempo de armazenagem, mas há quem consiga guardar grãos por mais de um ano neste sistema.
Após o uso, os plásticos são descartados. Para encher os silos-bolsas existem máquinas embutidoras, compostas por um mecanismo que recebe e conduz o alimento ao interior da bolsa com uma rosca sem-fim, no caso dos grãos, ou por esteira, no caso do volumoso. O controle do fluxo é feito por meio do freio da máquina, que é peça-chave no processo, pois ele controla a pressão de embutimento. “O responsável deve fazer o correto manuseio para que não existam bolsões de ar e também não haja pressão demasiada”, recomenda a professora Leda, da UFV. O maior custo da silagem está na aquisição inicial dos equipamentos. Segundo Malinarich, da Ipesa, o custo de uma máquina pequena para um silo-bolsa de 80 toneladas varia entre R$ 35.000 e R$ 45.000 com capacidade de embutimento de 20 toneladas por hora.
O sistema se completa com dois vagões forrageiros para o transporte do alimento e uma picadora ou colheitadeira. Anualmente, há o custo da lona em R$ 12 por tonelada armazenada. “Nunca se mediu quanto se perde de silagem e de qualidade em um silo de superfície”, compara o diretor da empresa. Ele enumera o desperdício em insumos, horas- -máquina e terra. “A tecnificação favorece a economia e a manutenção da qualidade do que foi produzido”, afirma.
Quem já usou
Desde 2002, em Santa Helena de Goiás, GO, o Confinamento Santa Fé, de Pedro Merola, investe na armazenagem em silos-bolsas. “Não tínhamos estrutura de armazenagem e o silo-bolsa foi uma boa opção”, avalia o diretor de Produção, Leandro Del’Acqua. Ele lembra que a empresa chegou a ter 120 silos-bolsas no ano, recheadas com sorgo, milho, soja, farelo e casquinha de soja, grão úmido e DDG (do inglês, dried distillers grains), um subproduto da produção de etanol de milho.
Com a expansão da empresa, que espera passar de 67.000 animais confinados em 2015 para 100.000 neste ano, houve o investimento em um armazém com capacidade para 440.000 sacas. “Mas vamos continuar usando as bolsas”, comenta Del’Acqua, referindo-se ao grão úmido e ao DDG, principalmente. Além disso, é feita uma reserva estratégica de casquinha de soja, cuja produção é sazonal.
Fonte: DBO 426