Workshop debateu novas tecnologias que transformam dejetos em novas oportunidades de renda para suinocultores
As inovações tecnológicas para o tratamento de dejetos na suinocultura e que também podem gerar renda e novas fontes de energia para o produtor foram discutidas nesta quarta-feira (11.05), no encerramento do Workshop “Discussão dos Roteiros Orientativos na Prática Ambiental na Suinocultura de Mato Grosso”. O evento que é uma realização da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat) em parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), teve o intuito de discutir melhores técnicas ambientais voltadas ao setor.
O responsável pelo marketing da Dejgran e representante da Associação Paranaense de Suinocultores (APS), Cesar Wanderlei da Luz, apresentou uma nova tecnologia brasileira que foi lançada em maio na Avesui, em Florianópolis, que chega ao mercado como solução ambiental e de geração de renda extra ao produtor, com a transformação de dejetos em adubo, contribuindo também para a produção de bioenergia nas granjas, pois o complexo é instalado antes dos biodigestores.
“Desenvolvemos um complexo industrial que reduz para minutos o processo da compostagem e transforma dejeto em adubo granulado, numa produção em escala industrial. Transformando a suinocultura de uma vilã do meio ambiente a uma aliada”, explicou.
Segundo Cesar Luz o processo começa na saída da pocilga, onde é construído um reservatório para abrigar os dejetos sólidos e líquidos produzidos na granja, de acordo com o número de animais. O conteúdo do reservatório é homogeneizado e então liberado para um equipamento que separa até 65% dos dejetos sólidos.
Durante o processo, os dejetos recebem aditivos de outros compostos e são encaminhados ao granulador e posteriormente aos secadores, de onde são transportados para silos resfriadores, com o adubo pronto para sua utilização em plantadeiras, espalhadores ou armazenamento em sacas, bags e silos, ou para transporte a granel. Por ser granulado, o adubo permite que em um mínimo de umidade do solo já se consiga resultado imediato como fertilizante.
Para o especialista a nova tecnologia passa a ter um ótimo custo benefícios em propriedades que tem a partir de 3 mil animais. “Tudo depende da quantidade de animais e de dejetos produzidos, mas a partir desse número você já tem uma otimização produtiva, com aproveitamento e retorno imediato do investimento. As médias e grandes granjas terão os melhores retornos”, pontuou.
Luz ainda apresentou pesquisa feita pela Embrapa em conjunto com a Universidade Federal de Goiás, em uma propriedade em Rio Verde (Goiás), que utilizou a adubação de Brachiaria brizantha cv. Mandaru, com doses crescentes de dejetos de suínos e trouxe um incremento de 156% na produção de matéria seca por hectare, e a qualidade da proteína na matéria seca melhorou 230%.
Compostagem
Já o representante da Agrobona, Delmar Lionço, apresentou o processo de reaproveitamento de dejetos por meio da compostagem, um processo natural em que os microorganismos como fungos e bactérias, são responsáveis pela degradação de matéria orgânica. No caso de dejetos animais, as carcaças são dispostas junto à camada de material vegetal seco, como serragem. Um aperfeiçoamento deste processo é o equipamento Roto Acelerador de Compostagem (RAC).
Delmar explicou que o RAC permite que a compostagem ocorra de maneira correta, com o equilíbrio dos fatores. “A compostagem é um processo aeróbico, onde se trabalha com a relação carbono/nitrogênio, umidade, temperatura e oxigênio. Neste processo, o carbono é proveniente de materiais vegetais como a maravalha, serragem e palhas em geral, e as carcaças tem uma presença grande de material orgânico rico em nutrientes e nitrogênio”, disse.
Com cerca de 10 dias de processamento no RAC, os dejetos animais já não aparecem mais, dando vez para um composto uniforme e estabilizado, livre de cheiro, de risco sanitário e ambiental. Além da diminuição no tempo de processamento, a segurança para quem fez o manejo também aumentou, pois não há contato com a carcaça.
“A carcaça inteira e colocada diretamente na máquina e depois adicionado apenas a maravalha de pinus. Como o suíno é composto por cerca de 70% de água, a umidade é suficiente para promover a decomposição, e pela máquina ser vedada, o processo termofílico também é assegurado. O RAC é programado para funcionar 24 horas por dia, fazendo o processo de rotação a cada 15 minutos e parando por meia hora”, afirmou.
Biodigestores
O suinocultor e sócio proprietário da Fazenda Seis Amigos, Iraldo Ebertz, apresentou o exemplo da fazenda, que está localizada em Tapurah (412 Km de Cuiabá), integrada à BRF, maior empresa de produção de suínos do país. A propriedade possui uma área de 1.374 hectares e contempla 13.500 matrizes em três Unidades de Produção de Leitões (UPLs). Segundo Ebertz, todo o dejeto suíno produzido na propriedade passa pelos biodigestores antes de ir até a lavoura. Ao todo são 18 biodigestores e os biofertilizantes são utilizados na fertilização e fertirrigação de pastagens para a produção de feno em mais de 400 hectares.
A estrutura da fazenda também se destaca na suinocultura por distribuir 100% dos dejetos nas pastagens por meio da fertirrigação com malhas ou por meio de carretéis auto propelidos, praticamente sem a utilização de adubação química. A Seis Amigos também iniciou o projeto de geração de energia elétrica a partir da queima do biogás em caldeiras.
“Hoje vejo os dejetos não com um olhar negativo, mas pelo positivo. Uma oportunidade de transformar o prejuízo em uma renda extra. E esse evento, trouxe novas maneiras, demonstrando para o produtor que é viável”, afirmou Iraldo Ebertz.
O diretor executivo da Acrismat, ainda complementou que quando o assunto é dejeto suíno, não se deve pensar em custo, mas em oportunidade de negócio, pois o aproveitamento dos dejetos como fertilizante pode gerar mais lucro para o suinocultor.
Fonte: Ícone Assessoria