Engordar o gado confinado e deixar no ponto de abate está mais complicado de uns seis meses para cá. Em uma propriedade em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, o dono já diminuiu a quantidade de bois no confinamento. No ano passado eram 700 cabeças, hoje são 500. A dieta no cocho, à base de farelo de soja, milho e silagem está pesando no bolso do produtor.
“A alta do milho e do sorgo, é mais viável eu estar produzindo e vendendo, do que eu produzir e colocar no cocho pra transformar em carne”, diz Décio Gonzaga, criador.
Em outra fazenda o criador foi além. Mesmo com um estoque de 3,5 mil toneladas de silagem para ração o pecuarista fez as contas e resolveu desistir da atividade.
“O boi hoje mais ou menos ele te consome de R$ 8,00 a R$ 8,50 por dia. Se você multiplicar por 30 dias ele vai te dar um custo de R$ 260, R$ 270 por mês. Porém o que ele engorda ele vai te gerar R$ 220 mais ou menos. Então é obvio que a conta não fecha”, conta o pecuarista Bruno Magalhães.
O número de animais confinados também caiu em Goiás.
O criador Júlio Beraldo montou uma estrutura para confinar mil cabeças de boi neste ano em Itaguari, mas entraram apenas 250 animais para a engorda. Ele já decidiu que o restante vai ficar no pasto mesmo. Com isso, o tempo de engorda deve passar de três para sete meses.
“Sai mais barato do que eu investir num processo que não estou vendo saída lá na frente. Não estou vendo lucro nenhum”, diz o pecuarista Júlio César Beraldo.
Ele e outros pecuaristas goianos reclamam do custo para alimentar o gado no cocho. Nos últimos meses, O preço do milho subiu de R$ 27 para R$ 47 a saca, impactando em 66% o valor do concentrado. Uma fazenda confina bois em Jataí há 30 anos e, mesmo antecipando a compra da ração, teve de reduzir o plantel.
A intenção inicial era de engordar no confinamento 12 mil bois, mas o pecuarista fez os cálculos, pensou melhor e só vão passar por lá neste ano 7 mil animais.
Manter o boi confinado três meses, para ganhar seis arrobas, ficou bem mais caro do ano passado para cá. “Saímos de um custo de produção de R$ 75 a R$ 80 a arroba produzida, para algo bem próximo de R$ 130 neste ano”, conta Luciano Medeiros Rocha, gerente de confinamento.
Goiás é o estado que mais confina gado no Brasil. Foram 950 mil animais em 2015, mas a associação que representa os confinadores diz que a queda estimada para esse ano é de 12%.
“A janela do confinamento já está se fechando. O produtor tem poucas semanas para tomar sua decisão se vai de fato confinar ou não animais”, afirma Bruno de Jesus Andrade, gerente executivo da Assocon.
Em 2015 foram confinados mais de cinco milhões de bois em todo o país . A queda esse ano pode ficar entre 11 e 15%.
Fonte: Globo Rural